A Seleção Brasileira realmente está vivendo um momento histórico, e há que se reconhecer o mérito. O que gerações anteriores não conseguiram, esta conseguiu com sobras: acumular recordes negativos, derrubar tabus e reescrever a história com uma consistência admirável.
Nesta terça-feira (14/10), o time comandado por Carlo Ancelotti atingiu mais uma marca histórica ao perder por 3 a 2 para o Japão, em Tóquio, e entrou definitivamente para o livro das façanhas improváveis. Foi a primeira derrota da história do Brasil para os japoneses, sendo um feito inédito em 13 confrontos.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Brasil é derrotado pelo JapãoReprodução / Globo Brasil perde para o Japão pela primeira vezReprodução / Globo Seleção Brasileira aplica 5 a 0 na Coreia do Sul com show de Vini Jr, Rodrygo e EstêvãoReprodução/X O Brasil venceu a Coreia do Sul por 5 a 0.Rafael Ribeiro/CBF Carlo Ancelotti em treinamento do Brasil antes de duelo contra os japoneses.Rafael Ribeiro/CBF
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O roteiro, como de costume, até começou promissor. Paulo Henrique e Gabriel Martinelli marcaram no primeiro tempo e deixaram o Brasil com 2 a 0 no placar. Mas o encanto durou pouco. Na segunda eta, Minamino descontou, Fabrício Bruno marcou contra e Ueda virou o jogo para o Japão. Uma virada histórica e simbólica. Afinal, o Japão nunca havia conseguido vencer o Brasil, e o novo ciclo da Seleção decidiu corrigir essa injustiça do futebol.
Com o revés, o Brasil chega a duas derrotas sob o comando de Carlo Ancelotti, que soma agora três vitórias, um empate e duas derrotas, com um aproveitamento de 55,5%. Desde outubro de 2024, a equipe não fecha uma Data Fifa com 100% de aproveitamento. A última vez foi ainda com Dorival Júnior, quando venceu Chile e Peru nas Eliminatórias.
Mas a derrota no Ajinomoto Stadium é apenas mais um capítulo dessa nova era de feitos “memoráveis”. Desde a Copa do Mundo de 2022, a Seleção acumulou marcas que desafiam a lógica e a tradição do futebol brasileiro. Foram tantas conquistas ao contrário que o currículo do período impressiona até os críticos mais rigorosos.
A começar pelas Eliminatórias da Copa de 2026, que renderam a pior campanha da história: apenas 28 pontos, com 8 vitórias e 6 derrotas, terminando na quinta colocação. É também o ciclo com menos vitórias, mais derrotas e mais gols sofridos (17) desde que o formato atual foi adotado, em 1996.
Em meio à coleção de recordes, o Brasil conseguiu perder pela primeira vez em casa nas Eliminatórias, contra a Argentina, por 1 a 0, e ainda foi protagonista da maior derrota para os hermanos em 61 anos, naquele 4 a 1 que só encontra paralelo no trauma do 7 a 1 de 2014. O time também alcançou outra marca inédita: três derrotas consecutivas, algo que jamais havia acontecido nas Eliminatórias.
O ano de 2023 ficou registrado como o pior desde 1940, com aproveitamento de apenas 37% dos pontos disputados e derrotas para Marrocos (2 a 1) e Senegal (4 a 2). E, como se não bastasse, essas partidas também renderam duas estreias negativas no histórico da Seleção: foram as primeiras derrotas para seleções africanas em amistosos disputados fora do continente americano.
A lista segue com a primeira derrota para a Colômbia na história das Eliminatórias (2 a 1, em novembro) e a eliminação precoce na Copa América de 2024, nas quartas de final, para o Uruguai.
E como se não bastasse a sequência de resultados históricos, o ciclo ainda ostenta outro número expressivo: quatro técnicos diferentes em menos de três anos — Ramon Menezes (interino), Fernando Diniz, Dorival Júnior e Carlo Ancelotti. Uma rotatividade digna de projeto experimental.
De certa forma, a Seleção Brasileira está cumprindo o que se espera dela: fazer história. Talvez não da maneira que o torcedor esperava, mas com um compromisso inabalável com o inédito. Quebrar recordes nunca foi tão rotineiro, e o novo Brasil parece ter assumido essa missão com entusiasmo.
Há quem diga que isso é tudo o que precisamos para ficar mais perto do hexa. Que quanto pior estiver antes da Copa, mais chance temos de surpreender no torneio. Como em 94 e 2002, a Canarinho chega desacreditada e repleta de tropeços e instabilidades. Entretanto, é importante lembrar que essas duas gerações tinham uma safra de talentos de jogadores lendários. Não há qualquer comparação e precisamos ser realistas: estamos mais próximos de quebrar mais um recorde negativo em Mundial do que surpreender.
Na história, o Brasil teve poucas quedas em primeira fase na Copa. A primeira em 1930, no Uruguai, quando bateu a Bolívia e caiu diante da Iugoslávia. Em 1934, a competição foi disputada em mata-mata e o time brasileiro foi eliminado na primeira fase ao jogar contra a Espanha.
Na Copa de 1966, na Inglaterra, apesar da seleção brasileira ter chegado empolgada por ter sido a última campeã, acabou fracassando ainda na primeira fase. Na estreia, chegou a vencer a Bulgária por 2 a 0, mas depois perdeu para Portugal e Hungria, ambos por 3 a 1, e deu adeus ao torneio mundial.
Podemos ver que além de poder entrar pra galeria das gerações que caíram na primeira fase, a nova Seleção Brasileira pode bater mais uma meta e se consagrar pra eternidade.
Há a possiblidade de perder todos os jogos sem marcar. Ou sofrer uma goleada pior que o 7×1. Quem sabe, agora, que há um mata mata antes das oitavas, já que existe a possibilidade de classificação de 8 melhores terceiro lugar, essa empolgante geração não inaugure o novo formato classificando como o pior dos melhores terceiros colocados e ainda cai para uma seleção sem tradição na fase mata mata antes das oitavas.
O leque de opções são variados e nada impede que nossa Seleção nos surpreenda com mais um recorde batido e nos encha de orgulho como a geração que mais quebrou tabus na história. Seria a consolidação desse brilhantismo ao contrário. Veremos os próximos capítulos.
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