A operação policial no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos na última terça-feira (28/10), provocou forte reação na bancada de direita da Câmara dos Deputados, especialmente entre parlamentares do Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro. Procurados pela reportagem do portal LeoDias, os deputados Sanderson (PL/RS), Coronel Tadeu (PL/SP) e Zucco (PL/RS) criticaram duramente o governo Lula, a condução do Ministério da Justiça e o que consideram uma omissão federal diante da escalada da violência no estado.
O deputado Sanderson (PL/RS), que é delegado da Polícia Federal (PF), afirmou que a tragédia no Rio é resultado direto da falta de investimento e de inteligência policial no país. “O governo federal não tomou nenhuma atitude concreta até agora, só discurso eleitoreiro e narrativas que não levam a lugar nenhum. E para nós vencermos esse agigantamento das facções criminosas nós precisamos investir. Tem que ter dinheiro, tem que dar orçamento pras forças policiais, estaduais e federais que são quebradas. Tem que haver integração; não há integração alguma entre as forças federais e estaduais. As nossas fronteiras estão todas abertas”, disse.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Deputado federal Sanderson (PL/RS)Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados Deputado federal Coronel Tadeu (PL/SP)Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados Deputado federal Zucco (PL/RS)Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do BrasilFoto: Ricardo Stuckert Moradores levam corpos para praçaReprodução: Globo
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O parlamentar também responsabilizou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que, segundo ele, restringiram ações policiais em comunidades fluminenses: “Só poderia acontecer o que aconteceu: um caos, uma tragédia, facções empoderadas também a partir de uma decisão estapafúrdia e abusiva do STF que proibiu ações policiais em comunidades carentes do Rio de Janeiro. E aí, o caos está estabelecido”, declarou. Para Sanderson, a reversão desse quadro depende de coragem política e medidas por parte do Executivo: “Precisa investir e adotar medidas claras, objetivas; muitas delas inclusive duras para devolver a segurança pública no Brasil que hoje está literalmente na mão da bandidagem”.
Na mesma linha, o deputado Coronel Tadeu (PL/SP) defendeu que a operação “precisa ser reconhecida como um passo importante na retomada da ordem”. O parlamentar elogiou “o profissionalismo e a bravura” dos agentes envolvidos e afirmou que o Estado deve agir “com firmeza, mas dentro da legalidade”. Ele criticou o que considera uma postura condescendente de parte das autoridades com criminosos: “Durante muitos anos e até nos dias de hoje nós vemos autoridades tratando os criminosos como vítimas da sociedade quando, na verdade, as verdadeiras vítimas acabam sendo esquecidas por essas mesmas autoridades. É justamente o cidadão de bem, o trabalhador, a família, principalmente a família que vive cercada pelo medo. Operações como essa devolvem esperança aos moradores que querem viver em paz dentro de uma comunidade”, ponderou o parlamentar.
Já o deputado Zucco (PL/RS) classificou o episódio como “uma guerra” e acusou o governo federal de omissão e negligência. “O ministro Lewandowski precisa explicar por que a Polícia Federal ficou de fora e por que o governo Lula recusou, por três vezes, o pedido do governador Cláudio Castro para uso das Forças Armadas no apoio à segurança pública. Isso é gravíssimo”, afirmou. Segundo o parlamentar, o que definiu como “ausência da União” levanta um questionamento sobre o papel das autoridades: “Passa a impressão de que o governo prefere proteger o discurso ideológico de aliados e movimentos radicais a garantir a segurança dos brasileiros. O Rio pediu ajuda – e o governo virou as costas”.
As declarações dos três deputados reforçam a tentativa da bancada bolsonarista de nacionalizar o debate sobre segurança pública, um dos temas mais sensíveis no país. Enquanto o governo Lula argumenta que prioriza o apoio institucional e o controle do uso da força, os parlamentares da oposição apontam falta de comando, de recursos e de integração entre os entes federativos como causas diretas do agravamento da crise no Rio de Janeiro.