Bill Clinton disse que fez porque podia. Trump faz por achar que pode

Bill Clinton disse que fez porque podia. Trump faz por achar que pode

Alguns anos depois de escapar de ter o mandato cassado pelo Congresso, perguntaram ao ex-presidente norte-americano Bill Clinton porque ele fez sexo no seu gabinete com uma estagiária da Casa Branca enquanto fumava um charuto.

Clinton pensou um pouco antes de responder. E disse:

“Porque eu podia”.

À luz da legislação do seu país, ele não podia, muito menos na Casa Branca e no seu gabinete de trabalho. Seria quebra de decoro. Resultou na abertura de um processo de impeachment contra ele. Clinton salvou-se porque faltou um único voto para puni-lo.

À luz da moral que prevalecia à época e de certa forma ainda prevalece nos Estados Unidos, ele também não poderia ter feito o que fez. Clinton era um homem casado. Continua casado até hoje com Hillary Clinton, ex-senadora, ex-Secretária de Estado.

Mas por ocupar o cargo mais poderoso do mundo, ele achou que poderia ignorar a lei, simplesmente mandar às favas todos os escrúpulos, e fazer o que desejava. Arrependeu-se? Tal pergunta não lhe fizeram na ocasião. A resposta talvez fosse sim.

Donald Trump parece não se arrepender de nada do que já fez em sua vida e do que segue fazendo. Caso se arrepende, não confessa. Aprendeu que é o senhor da razão. Está sempre certo porque detém o poder de fazer o que lhe der na telha.

O Pentágono anunciou, ontem, que está enviando para o Caribe o porta-aviões USS Gerald Ford, o mais letal da Marinha dos Estados Unidos. Ali, ele irá juntar-se a oito navios de guerra fundeados desde agosto perto de Porto Rico com 10 mil soldados.

O USS Ford transporta cerca de 5.000 marinheiros e possui mais de 75 aeronaves de ataque, vigilância e apoio, incluindo caças F/A-18, os mais modernos. O pretexto para o deslocamento de tropas é o combate ao tráfico de drogas destinadas aos Estados Unidos.

Questionado se declararia guerra aos cartéis de drogas da América Latina, Trump sugeriu que por hora continuará com ataques individuais a barcos. E justificou:

“Acho que vamos simplesmente matar as pessoas que estão trazendo drogas para o nosso país, ok? Vamos matá-las, você sabe que elas vão estar, tipo, mortas.”

Várias já foram mortas em 10 ataques a pequenos barcos. O governo americano não apresentou provas de que os barcos carregassem drogas. De fato, o alvo de Trump é a Venezuela. Ele alega que o presidente da Venezuela é ligado ao tráfico.

Na semana passada, Trump autorizou publicamente a CIA, responsável por inteligência estrangeira e segurança nacional nos Estados Unidos, a promover ações de sabotagem em território venezuelano para derrubar o governo de Nicolás Maduro.

Trump age assim porque acha que pode. Como achou que também poderia ordenar ao Brasil a suspensão do julgamento de Bolsonaro e dos demais golpistas. Aqui não foi atendido. As Forças Armadas da Venezuela estão de prontidão para o que der ou vier.

Guerra à vista. Ou será mais um blefe de Trump? Em breve , o mundo saberá.

 

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