Corrupção, doença e revanche: “Três Graças” estreia mirando o Brasil real

Corrupção, doença e revanche: “Três Graças” estreia mirando o Brasil real

Aguinaldo Silva está voltando com tudo — e parece estar com uma bola de cristal. Sua nova novela das nove, “Três Graças”, estreia nesta segunda-feira (20) na Globo com uma trama que já nasce espelhada nos acontecimentos que estão dominando as manchetes no Brasil e no mundo. O famoso “espírito do tempo” não bateu na porta — escancarou.

Mas se no Louvre o roubo foi para o benefício de criminosos de alta estirpe, na novela a história é outra. Na ficção, um grande roubo movimenta a comunidade fictícia da Chacrinha. Mas esqueça os ladrões tradicionais. Aqui, quem articula o crime são moradores comuns, decididos a fazer justiça com as próprias mãos. A missão deles? Expropriar os bens de uma fundação milionária que se esconde atrás do verniz da filantropia para enriquecer à custa dos mais pobres.

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Aguinaldo inverte a lógica clássica: não são os ricos roubando os pobres, nem vilões querendo luxo — são justiceiros éticos combatendo um sistema podre. A novela coloca o dedo na ferida e mostra o que acontece quando o povo reage.

E tem mais. A trama também toca num tema que ainda está quente na memória do público: o escândalo da falsificação de bebidas. Mas “Três Graças” vai além. O vilão da história, Santiago Ferrette (Murilo Benício), é um magnata travestido de benfeitor que distribui medicamentos gratuitos para a população — só que os remédios são falsos. Placebos perigosos que adoecem e matam.

A engrenagem do crime gira com a ajuda de Arminda (Grazi Massafera), uma socialite impiedosa. Tudo começa a ruir quando Lígia (Dira Paes), uma das três protagonistas, sofre graves consequências após tomar um desses medicamentos. Sua filha, Gerluce (Sophie Charlotte), decide ir à luta e expor a verdade.

Com foco em três mulheres de gerações diferentes, “Três Graças” aborda justiça social, gravidez na adolescência e corrupção corporativa. E faz isso sem parecer oportunista — apenas mostrando que a ficção, às vezes, anda lado a lado (ou até na frente) da realidade.

Aguinaldo Silva prova que ainda sabe farejar histórias com cheiro de Brasil, e transforma escândalos reais em puro drama de impacto. A nova novela promete ser mais do que entretenimento: é um espelho do agora.

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