Criança acreana de 2 anos enfrenta fome insaciável causada por síndrome rara

Melinda é portadora da Síndrome de Prader-Willi a agora família busca dar hormônios para melhorar qualidade de vida dela — Foto: Reprodução

A pequena Melinda Paulo Lima Machado, de apenas 2 anos, foi recentemente diagnosticada com a Síndrome de Prader-Willi (SPW), condição genética rara que provoca hipotonia, atrasos no desenvolvimento e fome constante, característica conhecida como hiperfagia. No Acre, a associação SPW Brasil estima que apenas duas pessoas tenham a doença.

A família de Melinda descobriu a condição há um mês e agora busca tratamento especializado para garantir melhor qualidade de vida à criança, incluindo a administração de hormônios que auxiliam na queima de gorduras e no desenvolvimento muscular. A menina já pesa 15 kg e precisa de controle rigoroso da alimentação para evitar complicações futuras.

Segundo a Associação Brasileira da Síndrome de Prader-Willi, a SPW é um distúrbio neurogenético raro, que afeta cerca de 1 a cada 15 mil nascimentos e ocorre de forma aleatória, raramente se repetindo na mesma família. A condição é causada pela perda de genes no alelo paterno do cromossomo 15, responsável por características como hipotonia acentuada no período neonatal, atraso nos marcos do desenvolvimento e, entre 4 e 6 anos, ganho de peso excessivo, com ou sem compulsão alimentar.

Família busca tratamento para a pequena Melinda e, por isso, decidiram se mudar para Florianópolis (SC) — Foto: Reprodução

A mãe de Melinda, Darlene Paulo, relatou que desde recém-nascida percebeu diferenças no desenvolvimento da filha, como dificuldade de sucção e baixo tônus muscular. Inicialmente, a família buscou ajuda pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas precisou recorrer a clínicas particulares para fisioterapia e acompanhamento especializado.

Darlene explica que crianças com a síndrome não sentem saciedade, o que exige um acompanhamento contínuo de endocrinologistas, nutricionistas, neurologistas e psicólogos. “Se não houver supervisão, elas podem comer brinquedos, lixo e até se colocar em risco de morte”, alerta.

Com a necessidade de tratamento mais especializado, a família decidiu se mudar para Florianópolis (SC), onde Melinda recebeu o diagnóstico definitivo. O tratamento inclui hormônio de crescimento, dieta restrita e acompanhamento médico constante. O custo do hormônio pode variar entre R$ 2 mil e R$ 8 mil por mês, e a família realiza arrecadação de fundos enquanto aguarda a liberação pelo plano de saúde.

Os pais de Melinda confirmaram que a menina foi diagnosticada com a síndrome há um mês — Foto: Darlene Paulo

A SPW Brasil ressalta que o diagnóstico precoce é essencial para melhorar a qualidade de vida e prevenir complicações. A associação também oferece teste gratuito para confirmar ou descartar a síndrome, através do site spwbrasil.org.br ou pelas redes sociais @spwbrasil.

Evolução da Síndrome de Prader-Willi por fases:

0 a 2 anos

  • Hipotonia acentuada (fraqueza muscular)

  • Dificuldade de sucção e aleitamento materno

  • Atraso nos marcos do desenvolvimento

  • Baixo ganho de peso e estatura

  • Aparência “mole” ou de “boneco de pano”

2 a 6 anos

  • Continuidade da hipotonia e atraso no desenvolvimento

  • Recuperação do peso e crescimento

  • Início do ganho de peso mesmo sem aumento significativo da alimentação

6 a 12 anos

  • Falta de saciedade e compulsão alimentar

  • Obesidade grave

  • Ansiedade, escoriações na pele e escoliose

Adolescência e vida adulta

  • Busca constante por comida, com ou sem hiperfagia

  • Déficit intelectual e rigidez cognitiva

  • Oscilações de humor

  • Deficiências hormonais: atraso puberal, obesidade, baixa densidade óssea, diabetes tipo 2

Informações via G1 Acre.

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