Defesa pede domiciliar a contador preso na mesma operação de Buzeira

Defesa pede domiciliar a contador preso na mesma operação de Buzeira

A defesa do empresário Rodrigo Morgado, apontado como contador na operação da Polícia Federal (PF) realizada na terça-feira (14/10) com o objetivo de desarticular um esquema milionário de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico, pediu à Justiça a prisão domiciliar do acusado.

Morgado também foi preso na Operação Narco Bet. O CEO ficou conhecido após tomar o Jeep Compass de uma funcionária, que ganhou o carro em um sorteio, mas foi demitida posteriormente.

O advogado Felipe Pires de Campos, que representa o empresário, informou ao Metrópoles que o pedido foi feito porque Rodrigo precisa ajudar a esposa a cuidar dos filhos, sendo que um deles, inclusive, está com um problema no rim e esteve na UTI recentemente.

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Segundo a defesa, o CEO tem dois filhos, um de 2 anos e outro de 10 meses, e a enteada, que não tem nem 10 anos, de acordo com ele.

Patrimônio de contador saltou R$ 7 milhões em 1 ano

De acordo com os autos da Operação Narco Bet, Rodrigo Morgado passou de um patrimônio de R$ 295.882,27 para R$ 7.965.157,94 entre 2022 e 2023. Além disso, entre os anos de 2019 e 2024, o empresário movimentou cerca de R$ 300 milhões, incluindo transações financeiras com criptoativos que se aproximam da cifra de R$ 100 milhões. Em algumas ações financeiras, os valores movimentados foram muito superiores aos declarados.

Uma dessas transações foi o pagamento de quase R$ 20 milhões à empresa Buzeira Digital, cujo dono é o influenciador digital Bruno Alexssander Souza, conhecido como Buzeira, que também foi preso pela Polícia Federal.

“Chama atenção o fato de Rodrigo de Paula Morgado tenha sido o responsável pela transferência de tão expressivo valor à empresa Buzeira Digital, e não o contrário, visto Rodrigo ser prestador de serviços à referida empresa”, aponta a investigação.

Morgado é apontado como um “possível operador logístico-financeiro” do esquema e atuava como um “verdadeiro banco particular” de outros investigados, movimentando grandes valores em contas pessoais e de empresas sob seu controle, inclusive realizando conversões em criptomoedas e promovendo repasses a terceiros, tudo de maneira ilegal.

As autoridades também apontam uma relação direta entre Morgado e uma embarcação chamada Veleiro Lobo IV, apreendida pela Marinha dos Estados Unidos da América, entre o arquipélago de Cabo Verde e Ilhas Canárias, por estar sendo usado para o transporte de mais de quatro toneladas de cocaína, fato que originou a Operação Narco Vela.

Operação Narco Bet

  • Ao todo, 11 mandados de prisão e 19 de busca e apreensão foram cumpridos nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais nesta terça-feira (14/10). Um dos mandados de prisão também ocorreu na Alemanha, com apoio da Polícia Criminal Federal do país.
  • As investigações apontam que o grupo criminoso utilizava métodos avançados de dissimulação financeira, movimentando valores em criptomoedas, remessas internacionais e empresas de fachada para ocultar a origem dos lucros do tráfico.
  • Parte dos recursos lavados teria sido canalizado para empresas do setor de apostas eletrônicas, as chamadas “bets”, com o objetivo de mascarar os ganhos provenientes do tráfico e inserir o dinheiro no sistema financeiro com aparência de legalidade.
  • No total, foram bloqueados R$ 630 milhões em bens e valores. Empresas do ramo de apostas esportivas estão sendo investigadas por suspeita de participação no esquema criminoso.
  • A Polícia Federal não divulgou o nome das empresas de apostas investigadas, mas afirmou que algumas delas são regularizadas e obtiveram licenças com dinheiro ilícito.

Em nota enviada ao Metrópoles, a defesa do empresário afirmou que não teve acesso à integra do processo ou aos elementos que embasaram a prisão, mas ressaltou que Morgado é inocente e “sempre atuou exclusivamente como contador, prestando serviços de natureza técnica e regular a diferentes clientes, dentro dos limites legais da profissão”.

Preso em outra operação

Rodrigo Morgado foi preso pela Polícia Federal em uma ocasião anterior, durante uma operação contra o tráfico internacional de drogas, chamada Operação Narco Vela – que originou a Narco Bet.

Na época, Rodrigo era alvo de mandados de busca e apreensão em diversos endereços: em Santos, Bertioga e São Paulo. Morgado foi preso na capital paulista pelo porte ilegal de uma arma encontrada dentro do carro dele. Os policiais federais faziam as apreensões nos endereços, quando, dentro de um dos dois veículos de luxo apreendidos do investigado, encontraram o armamento.

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Foram apreendidos dois carros de luxo em nome do empresário

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Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em três endereços de Rodrigo Morgado

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Justiça determinou o bloqueio e apreensão de bens até o valor de R$ 1,32 bilhão

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Arma encontrada em casa de suspeito

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Operação Narco Vela cumpre mandados de busca e apreensão

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Dinheiro apreendido em operação da PF

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Polícia Federal cumpre mandados em SP, RJ, MA, PA e SC

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Embarcação apreendida em Belém (PA)

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Operação investiga envio de drogas para a Europa via marítima

Divulgação/ PF

Além da acusação de participação no tráfico internacional de drogas, Rodrigo é acusado de ameaça, calúnia, injúria e estelionato.

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