O governo de Israel afirmou nesta quinta-feira (9) que o cessar-fogo na Faixa de Gaza entrará em vigor na sexta-feira (10), após a aprovação interna do acordo firmado com o Hamas. Durante a primeira fase do tratado, as tropas israelenses continuarão ocupando 53% do território, contra os 75% atuais.
Segundo a porta-voz do premiê Benjamin Netanyahu, Shosh Bedrosian, o acordo foi assinado na manhã desta quinta no Egito, após ter sido anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na noite de quarta-feira. No entanto, o cessar-fogo só será implementado 24 horas após a realização de duas reuniões do governo israelense — uma do gabinete de guerra e outra do governo — programadas para esta quinta-feira.
Bedrosian destacou que, apesar do recuo parcial das tropas, Israel exige respeito e decoro do Hamas durante a libertação dos reféns, em referência a imagens de humilhação registradas em solturas anteriores.
Detalhes da primeira fase do acordo
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Todos os reféns mantidos pelo Hamas desde 7 de outubro de 2023 serão libertados. Atualmente, o grupo mantém 48 dos 251 sequestrados, dos quais cerca de 20 estariam vivos.
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Em troca, Israel deve liberar quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo detentos com pena perpétua.
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Tropas israelenses recuarão gradualmente, reduzindo a área de ocupação de 75% para 53% do território de Gaza.
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Mais ajuda humanitária será enviada à região, incluindo alimentos, água e medicamentos.
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O plano prevê um governo temporário de transição na Faixa de Gaza, administrado por um comitê tecnocrático apolítico sob supervisão do chamado “Conselho da Paz”, liderado por Trump. O Hamas e outras facções armadas ficarão impedidos de participar do novo governo.
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Haverá desmilitarização de Gaza, destruição de infraestruturas bélicas e criação de uma Força Internacional de Estabilização para treinar a nova polícia palestina. Israel manterá tropas em um perímetro de segurança até a eliminação de ameaças terroristas.
Reações
O primeiro-ministro Netanyahu classificou o acordo como uma vitória nacional e moral e comemorou a libertação dos reféns, agradecendo às Forças de Defesa de Israel pelo empenho e sacrifício.
Já o Hamas elogiou o trabalho de Catar, Egito e Turquia na mediação do cessar-fogo e reconheceu os esforços de Trump para o fim do conflito. O grupo reforçou que permanecerá fiel à promessa de lutar pelos direitos nacionais dos palestinos e pediu que os países mediadores garantam o cumprimento integral do acordo por Israel.
O plano de paz, anunciado pela Casa Branca em setembro, prevê ainda a retirada gradual das tropas israelenses, o estabelecimento de Gaza como uma zona livre de grupos armados e a futura transferência do poder para a Autoridade Palestina, após reformas internas no território.
O cessar-fogo e as medidas de implementação do acordo marcam a primeira fase de um processo gradual de paz na Faixa de Gaza, cujo futuro dependerá de negociações subsequentes entre as partes envolvidas.