O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta segunda-feira (13) na abertura do Fórum Mundial da Alimentação, em Roma, e destacou que a fome é “irmã da guerra” e um obstáculo ao pleno exercício da cidadania e à democracia.
Durante o discurso, Lula criticou políticas protecionistas de países ricos e afirmou que “da tragédia em Gaza à paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC), a fome virou sintonia do abandono das regras e das instituições multilaterais”. O presidente brasileiro já havia classificado ações de Israel na Faixa de Gaza como genocídio contra o povo palestino, embora tenha condenado, há dois anos, ataques do Hamas em território israelense. Atualmente, vigora um acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas, que permitiu a libertação de 20 reféns israelenses em Gaza nesta segunda.
Combate à fome e papel do multilateralismo
No fórum, Lula elogiou o trabalho da FAO, do Programa Mundial de Alimentos e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura, ressaltando a importância do multilateralismo. “Roma é sede de três agências que salvam vidas. O mundo seria um lugar pior sem o multilateralismo”, disse.
O presidente defendeu ainda a cooperação internacional e a reforma de organismos como a ONU, destacando que a fome também é gerada por barreiras comerciais e políticas protecionistas que afetam países em desenvolvimento. “A fome é irmã da guerra, seja ela travada com armas e bombas ou com tarifas e subsídios”, afirmou, citando a desorganização de cadeias de insumos e alimentos causada por conflitos armados e barreiras comerciais.
Fome como questão política
Lula frisou que a fome é um problema político e que o combate à pobreza e à insegurança alimentar é pilar da política externa brasileira. Ele destacou que o Brasil saiu do Mapa da Fome e que, em 2024, registrou a menor proporção de domicílios em situação de insegurança alimentar grave da história, incluindo crianças menores de 5 anos.
O presidente também enfatizou a necessidade de medidas internacionais, como ampliar o financiamento ao desenvolvimento, reduzir custos de empréstimos, aperfeiçoar sistemas tributários e aliviar dívidas de países pobres, para que a produção de alimentos seja efetivamente distribuída. “Um país soberano é capaz de alimentar seu povo. É possível superar a fome por meio da ação governamental, mas os governos só podem agir se tiverem meios”, concluiu.