Uma onda de revolta tomou conta de doadores de uma campanha online realizada em Manoel Urbano (AC), destinada a ajudar uma criança com necessidades especiais. A mãe do menino é acusada de desaparecer com mais de R$ 11 mil arrecadados — até agora, nenhum equipamento foi entregue à criança.
A vaquinha criada para comprar uma cadeira de rodas especial e outros materiais essenciais foi amplamente divulgada nas redes sociais e rapidamente ganhou adesão local e regional. A história comovente da família sensibilizou amigos, vizinhos e desconhecidos, e o montante pretendido foi alcançado e até superado em pouco tempo.
Segundo post divulgado no Instagram (babados_many_city), a campanha contava com fotos da criança e apelos emocionados para intensificar a mobilização.
Quando os doadores começaram a cobrar a compra dos equipamentos, a mãe alegou que transferiu todo o valor arrecadado para uma terceira pessoa, que ficaria encarregada de efetuar as aquisições. Essa pessoa, segundo ela, sumiu com o valor.
Para muitos doadores, essa versão é inverossímil e constitui uma tentativa de se eximir da responsabilidade. Eles questionam por que não houve compra direta ou uso de meios com maior rastreabilidade (nota fiscal, comprovantes, conta bancária exclusiva da campanha).
A partir dessas acusações, a mãe passa a ser alvo de suspeitas de apropriação indébita e estelionato, caso seja comprovado que ela agiu com intenção de desviar os recursos.
A indignação dos doadores transformou-se em ação: muitos já se organizam para registrar boletim de ocorrência e formalizar denúncia junto ao Ministério Público e à polícia local. Eles exigem prestação de contas detalhada, cópias de comprovantes de transações e devolução imediata dos valores, caso os equipamentos não sejam adquiridos com urgência.
“Doamos para a criança, confiamos na mãe. Agora, essa história de que o dinheiro foi entregue a um desconhecido que sumiu é uma traição àquela que precisa de ajuda”, disse um dos doadores em grupo on-line sobre a campanha de Manoel Urbano.
Esse episódio reforça a necessidade de maior transparência e fiscalização nas campanhas online, sobretudo quando envolvem causas sensíveis. Muitas iniciativas são legítimas e bem-intencionadas, mas situações como essa geram descrédito e insegurança entre quem deseja ajudar.
No fim, quem mais sofre com a situação é a criança, que permanece sem os recursos prometidos para melhorar sua qualidade de vida.
A reportagem seguirá acompanhando o caso em Manoel Urbano e buscará ouvir a versão completa da mãe e de seu representante legal, bem como obter os registros oficiais das denúncias e investigações em curso.