Mais de 30% da população do Acre já sente efeitos das mudanças climáticas, aponta estudo

Foto: Agência Pará/CBM

Um terço da população da Amazônia Legal, incluindo o Acre, já afirma ter sido afetada pelos efeitos do aquecimento global. É o que revela a pesquisa “Mais Dados Mais Saúde – Clima e Saúde na Amazônia Legal”, divulgada na última quarta-feira (8).

O levantamento, realizado entre maio e julho deste ano, ouviu 4.037 pessoas nos nove estados da região — Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins — e aponta que os povos tradicionais são os mais vulneráveis aos impactos climáticos. Entre os povos indígenas, por exemplo, 42,2% relataram já sofrer com os efeitos das mudanças climáticas.

No Acre, com mais de 800 mil habitantes segundo o Censo 2022 do IBGE, as comunidades mais afastadas apresentam maior risco de sofrer impactos. Entre elas estão:

  • Extrativistas (3,8% da população), que vivem da coleta de frutos, pesca e extração de minerais e látex;

  • Povos indígenas (2,3%);

  • Ribeirinhos (1,2%).

Esses grupos enfrentam maiores dificuldades relacionadas à qualidade da água, produção de alimentos e aumento de doenças ligadas ao calor e à fumaça.

O estudo, conduzido pelas organizações de saúde Vital Strategies e Umane, com apoio do Instituto Devive, também apontou que 90,6% dos entrevistados acreditam que o planeta já sofre aquecimento global e 88,4% reconhecem que as mudanças climáticas têm ocorrido no Brasil e no mundo nos últimos dois anos.

No Acre, a percepção é reforçada por eventos extremos cada vez mais frequentes, como ondas de calor, secas prolongadas e incêndios em áreas de mata virgem, que afetam cidades e comunidades rurais.

Entre os impactos mais citados pela população, estão:

  • Aumento da conta de energia elétrica (83,4%);

  • Elevação das temperaturas médias (82,4%);

  • Mais poluição do ar (75%);

  • Aumento de desastres ambientais (74,4%);

  • Alta nos preços dos alimentos (73%).

Além disso, 64,7% relataram ter vivenciado ondas de calor, e 29,2% enfrentaram incêndios florestais com fumaça intensa nos últimos dois anos, principalmente durante a estiagem.

O levantamento também identificou mudanças nas atitudes da população frente à crise climática, como redução de práticas que agravam o aquecimento global e separação do lixo para reciclagem.

Com o aumento do desmatamento na Amazônia Legal — que subiu 18% em setembro —, os efeitos da crise climática no Acre tendem a se intensificar, segundo especialistas.

Informações via G1 Acre.

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