Uma megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, resultou em 20 mortos e 56 presos. A ação, denominada Operação Contenção, mobilizou cerca de 2.500 agentes das forças de segurança e teve como alvo integrantes do Comando Vermelho (CV), incluindo lideranças de outros estados, principalmente do Pará.
Segundo a Polícia Civil, durante a operação, criminosos reagiram com barricadas em chamas, tiros e até lançamentos de bombas por drones, em retaliação à presença policial. Um vídeo obtido pela CNN mostra quase 200 disparos em apenas 1 minuto, em meio a colunas de fumaça.
Entre os mortos, 18 eram suspeitos, incluindo dois vindos da Bahia e um do Espírito Santo, e 2 eram policiais. Nove agentes de segurança ficaram feridos, sendo que dois deles morreram. Além disso, três pessoas inocentes foram atingidas por bala perdida: um homem em situação de rua e uma mulher em uma academia, que já recebeu alta, e outro homem em um ferro-velho.
Entre os presos, está Nicolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, um dos chefes do CV. Durante a operação, a polícia também apreendeu 31 fuzis, 2 pistolas e 9 motos.
A operação afetou escolas, unidades de saúde e transporte público.
-
Educação: 28 escolas foram fechadas no Complexo do Alemão e 17 na Penha. Uma escola estadual também precisou suspender atividades.
-
Saúde: cinco unidades de Atenção Primária interromperam o funcionamento, enquanto uma clínica da família manteve atendimento interno, mas suspendeu visitas domiciliares.
-
Transporte: 12 linhas de ônibus tiveram itinerários desviados para garantir a segurança de passageiros e motoristas.
A ação é fruto de mais de um ano de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e conta com o apoio de helicópteros, blindados, veículos de demolição e ambulâncias do Grupamento de Salvamento e Resgate. O objetivo é combater a expansão territorial do Comando Vermelho e prender líderes da facção que atuam no Rio e em outros estados.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, toda a operação foi planejada pelo estado, sem apoio federal, e envolve cerca de 280 mil moradores das áreas afetadas.
O Ministério Público do RJ (MPRJ), por meio do Gaeco, denunciou 67 pessoas por associação ao tráfico e 3 por tortura. Entre os principais líderes do CV na região estão:
-
Edgar Alves de Andrade, o “Doca”
-
Pedro Paulo Guedes, o “Pedro Bala”
-
Carlos Costa Neves, o “Gadernal”
-
Washington Cesar Braga da Silva, o “Grandão”
Eles são responsáveis por controle de pontos de tráfico, ordens de execução e coordenação de atividades criminosas, enquanto outros 15 denunciados atuam como gerentes do tráfico e o restante como soldados de monitoramento e segurança armada.
A megaoperação continua em andamento, com equipes das forças de segurança focadas na captura dos procurados restantes e na manutenção da ordem nas comunidades.