A Polícia Federal encaminhou para análise pericial duas pedras brutas, apontadas como supostas esmeraldas, apreendidas na residência do influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido nas redes sociais como Buzeira. As joias foram encontradas durante o cumprimento de mandados da Operação Narco Bet, deflagrada na última terça-feira (14/10).
Os minerais estavam acompanhados de um certificado de autenticidade que indicava um valor de US$ 323 milhões, o equivalente a cerca de R$ 1,7 bilhão. Apesar disso, investigadores acreditam que o documento possa conter informações infladas sobre peso e valor das pedras. O laudo será confrontado por especialistas para confirmar a veracidade tanto das esmeraldas quanto da certificação apresentada.
Veja as fotosAbrir em tela cheia BuzeiraFoto: Reprodução/Instagram Supostas esmeraldas apreendidas na mansão de buzeira durante operação NarcoBetFoto: Reprodução O influenciador Buzeira e a mulher, Hillary YamashiroFoto: Reprodução/Instagram BuzeiraReprodução: Instagram/buzeira_oficial O influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como BuzeiraReprodução/Instagram/@buzeira_oficial Buzeira gasta R$ 1 milhão na Mega da ViradaFoto/Instagram Buzeira compartilhou alguns dos itens que ganhouReprodução: Instagram/Buzeira Buzeira compartilhou alguns dos itens que ganhouReprodução: Instagram/@Buzeira Buzeira gasta R$ 1 milhão na Mega da ViradaFoto/Instagram Buzeira gasta R$ 1 milhão na Mega da ViradaFoto/Instagram
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De acordo com a PF, uma das hipóteses levantadas é que as pedras tenham sido adquiridas para ocultar recursos de origem ilícita, o que configuraria lavagem de dinheiro, crime que está entre os focos da operação.
Bens apreendidos
A ação ocorreu em uma mansão em Igaratá, no interior de São Paulo, onde Buzeira vivia. Além das supostas esmeraldas, agentes federais encontraram carros de luxo, armas, dinheiro em espécie e joias.
Conhecido por exibir uma rotina de ostentação nas redes, com relógios de grife, veículos importados e joias caras, Buzeira foi preso junto de outras dez pessoas. A PF apura um esquema internacional de lavagem de dinheiro ligado ao tráfico de drogas e ao uso de criptomoedas e apostas online.
O influenciador, que acumula mais de 15 milhões de seguidores, foi inicialmente levado à Superintendência da PF na Lapa, Zona Oeste de São Paulo, e depois transferido para o sistema prisional estadual.
Contador é apontado como líder do esquema
Entre os presos também está o contador Rodrigo Morgado, apontado pela investigação como o operador financeiro do grupo. De acordo com documentos obtidos pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF), Morgado seria o responsável por movimentar recursos provenientes do crime em empresas de fachada registradas em nome de laranjas.
As apurações mostram que ele figura como contador da empresa Buzeira Digital Ltda., mas teria transferido R$ 19,7 milhões para a companhia sem comprovar a origem dos valores. A PF ainda identificou o repasse de R$ 6,5 milhões para uma terceira empresa, que teria intermediado a compra de um imóvel para o influenciador.
Por meio da análise de conversas no celular de Morgado, a PF encontrou o recibo da transferência feita para a empresa, endereçado ao próprio Buzeira.
“O valor, que nunca transitou pela conta do influenciador, era, na verdade, ‘guardado’ por Rodrigo”, diz o documento. “Morgado orientava e executava manobras para dissimular a origem e titularidade dos valores. Ele elaborou a nota fiscal de prestação de serviços de R$ 50 milhões emitida pela Buzeira Digital contra a empresa estrangeira SUPERBET88 INTERNATIONAL N.V. — e promovendo a criação de holdings e contratos de ‘sócio oculto’ para blindagem patrimonial”, afirma a investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF).
“As conversas apuradas evidenciam operações financeiras milionárias, realizadas com o uso de criptomoedas, empresas interpostas e contas de fachada, incluindo transferências internacionais e pagamentos de alto valor destinados à compra de imóveis, veículos de luxo, embarcações, joias e armas, além de pagamentos de impostos e despesas pessoais em nome dos investigados”, aponta a investigação.
“Rodrigo de Paula Morgado funcionava como verdadeiro ‘banco particular’ de outros investigados, transacionando valores vultosos em suas contas pessoais e de empresas sob seu controle”, acrescenta o documento.
O que dizem as defesas
A defesa de Buzeira afirmou que “não há, até o presente momento, qualquer elemento concreto que comprove envolvimento do influenciador em atividades ilícitas”, e ressaltou que o acesso integral aos autos ainda não foi concedido. Segundo os advogados, “é prematuro qualquer julgamento ou ilação”.
Em nota, os representantes do influenciador acrescentaram:
“Bruno é trabalhador, possui residência fixa, fonte de renda lícita e atua há anos de forma pública e transparente nas redes sociais, sendo reconhecido nacionalmente por sua atividade profissional como criador de conteúdo digital.”
O advogado Felipe Pires de Campos, responsável pela defesa de Rodrigo Morgado, declarou que “ainda não teve acesso à íntegra do processo ou aos elementos que embasam a medida, mas ressalta, desde já, que Rodrigo Morgado é inocente”.
Ele acrescentou que o contador “sempre atuou exclusivamente como contador, prestando serviços de natureza técnica e regular a diferentes clientes, dentro dos limites legais da profissão” e disse confiar que, com o avanço das apurações, “a verdade será restabelecida e a inocência de Morgado plenamente reconhecida”.
Operação Narco Bet
Deflagrada simultaneamente em São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a Operação Narco Bet cumpriu 11 mandados de prisão e 19 de busca e apreensão. Além das esmeraldas, foram apreendidos carros de luxo, joias, armas e grandes quantias em dinheiro.
Os bens bloqueados pela Justiça somam mais de R$ 630 milhões. Entre os itens confiscados pela PF estão:
20 automóveis de luxo
12 motoaquáticas, entre jet skis e barcos
8 armas e 412 munições
13 celulares e 4 tablets
12 joias
1 carteira de criptomoedas
€1.200, US$ 24.802 e R$ 85.680 em espécie
6 relógios de luxo
As investigações apontam que o grupo utilizava criptomoedas e transferências internacionais para esconder a origem dos valores obtidos com o tráfico de drogas.
De acordo com a PF, os suspeitos poderão responder por lavagem de dinheiro e associação criminosa com atuação transnacional.