Rafael Spacca aponta desequilíbrio e vaidades como fatores para o colapso dos Trapalhões

Rafael Spacca aponta desequilíbrio e vaidades como fatores para o colapso dos Trapalhões

O pesquisador e escritor Rafael Spacca, autor do livro “Os Trapalhões: modo de ser, de pensar e de se expressar”, revelou novos bastidores sobre a crise que levou ao colapso do grupo humorístico mais popular da televisão brasileira. Em entrevista ao TikTal Podcast, publicada nesta terça-feira (21/10), Spacca descreveu Renato Aragão como o cérebro e empresário do quarteto. Porém, além dos elogios, o pesquisador afirmou que, ao concentrar os lucros e os holofotes, Renato acabou alimentando o desgaste interno entre os colegas Dedé Santana, Mussum e Zacarias.

Segundo ele, a ruptura teve origem em diferenças financeiras e de reconhecimento. “Ele trabalhava mais para o grupo, isso é notório. Era um cara que, como eu falei, abriu a produtora, se preocupava com filme, com merchandising. Ele tinha uma cabeça completamente diferente do Dedé e Zacarias. Os três acabavam o negócio, eles viviam a vida deles. O Renato é tipo, hoje seria classificado como workaholic”, explicou Spacca.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Renato Aragão ganhou mensagem de aniversário cheia de carinho de Ana Maria Braga: “A vida fica mais colorida com você”Reprodução Instagram Os TrapalhõesReprodução: Internet Os TrapalhõesReprodução: Internet Renato Aragão completou 90 anosFoto: FILM VINTE UM Rafael SpaccaReprodução: Jovem Pan

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Enquanto os outros integrantes aproveitavam o sucesso em momentos de lazer, Didi, ao lado do irmão, Paulo Aragão, responsável pelas negociações e pelas finanças, montava a estrutura empresarial que transformou o grupo em um fenômeno comercial dos anos 1980.

Ainda conforme Spacca, a situação explodiu em julho de 1983, quando uma reportagem da revista Veja trouxe Renato Aragão sozinho na capa, sob o título “O maior palhaço do Brasil”. Em 7 páginas, os outros 3 colegas foram citados apenas uma vez. “A galera que tava em torno deles falou: ‘Meu, é o seguinte: Renato tá milionário, vocês estão ricos, mas vocês não estão milionários. E isso acende uma chama nos caras”, contou o pesquisador.

Mas o desequilíbrio veio quando os lucros passaram a se concentrar em apenas um nome, segundo Spacca; e então o clima azedou de vez com a decisão de Aragão de anunciar publicamente o fim do grupo antes que os demais se pronunciassem. “E aí a gente descobriu no percurso do comentário que era uma aberração. O Renato ficava com mais de 90% dos lucros. […] O Mussum se revolta, tal, e aí o Renato fica sabendo que os três estão se rebelando. Para não se sentir tipo o ‘marido traído’, ele fala: ‘Eu vou tomar uma decisão’. Não tinha ainda o Projac, hoje chamado Estúdios Globo. Então, era tudo gravado no teatro Fênix, ali no Jardim Botânico. Ele arma uma coletiva e nela diz que estavam se separando. […] Ele tinha esse ego, o orgulho, sabe, de falar: ‘Não, não vou deixar os caras. Eu vou me antecipar’”, afirmou o pesquisador.

A separação teria gerado uma espécie de “guerra fria” nos cinemas. Renato iniciou as filmagens de “Os Trapalhões na Arca de Noé” e substituiu os colegas por novos personagens, incluindo Sérgio Mallandro e uma jovem Xuxa Meneghel em uma de suas primeiras aparições no cinema. Já Dedé, Mussum e Zacarias responderam com “Atrapalhando a Suate”, uma superprodução com helicópteros e grandes cenários.

Nenhum dos dois longas foi bem de bilheteria, como explicou o pesquisador durante a entrevista. O público queria ver os quatro juntos, e não projetos concorrentes. A televisão também sentiu o impacto: a Globo reprisou programas antigos e teria evitado interferir no conflito.

A reconciliação só veio meses depois, por iniciativa do empresário Beto Carrero, que armou um encontro-surpresa entre os quatro em um restaurante.

Spacca afirma que as brigas e vaidades dos Trapalhões refletem dilemas universais de grupos de sucesso. “Eu acho que isso é humano, sabe? Não é legal não, mas assim, é natural, cara. Quantas bandas aconteceram isso, quantos grupos, enfim. Eu nunca falo isso num tom de julgamento, de moralidade. São histórias e por isso que você falou, são histórias que eles não querem que contem. Mas é uma forma de mostrar os caras de uma forma humana”, pontuou.

Rafael Spacca passou 4 anos pesquisando mais de 4 mil documentos para escrever a obra de quase 800 páginas, hoje considerada referência para fãs e historiadores da televisão. Atualmente, se dedica ao documentário do grupo, em fase de produção, chamado “Trapalhadas sem Fim”.

O portal LeoDias buscou posicionamento de Renato Aragão sobre as menções do pesquisador, mas a assessoria da família afirmou que ele não quer se manifestar.

Categories: ENTRETENIMENTO
Tags: FamososOs TrapalhõesRafael Spaccarenato aragão