O influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como Buzeira, foi preso pela Polícia Federal na manhã da última terça-feira (14) durante a Operação que investiga um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico internacional de drogas. O alvo da ação era uma mansão de alto padrão no município de Igaratá, onde Buzeira residia.
O programa Fantástico teve acesso a um vídeo inédito de quase seis minutos que captura os momentos de pânico dentro da residência minutos antes da prisão. Nas imagens, por volta das 6h da manhã, Buzeira é surpreendido ao avistar os agentes da PF do lado de fora. Ele alerta a esposa, que está grávida, e a movimentação tensa começa.
A Sequência de Tensão no Interior da Mansão
O vídeo exclusivo detalha a série de eventos dentro da casa:
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O Cerco: Buzeira olha pela janela e percebe que a propriedade está completamente cercada.
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A Arma: Em meio ao susto, o influenciador abre um armário, pega uma espingarda, a carrega e sai do cômodo. Mais tarde, ele retorna ao quarto para pegar mais munição.
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A Criança: A filha do casal, de apenas 4 anos, está presente e testemunha toda a movimentação do pai com a arma.
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A Entrada da PF: De acordo com o relatório policial, após várias tentativas de contato “amigável”, os agentes precisaram arrombar a entrada. O acesso final foi permitido pelo irmão de Buzeira, que abriu a porta da sacada.
Durante a ação, a PF apreendeu um arsenal, incluindo uma espingarda calibre 12, três pistolas, um revólver e um rifle. Embora Buzeira possua registro de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador), a PF afirmou que ele não tinha autorização para manter as armas naquela residência nem para deixá-las acessíveis a outras pessoas.
A Rota da Fortuna: De Rifas a Esquemas Internacionais
Buzeira, nascido na periferia da Zona Leste de São Paulo, tornou-se milionário antes dos 30 anos. Sua fama explodiu durante a pandemia com as rifas online, evoluindo para sorteios de carros, motos e vultosas quantias em dinheiro para seus mais de 15 milhões de seguidores. Suas redes sociais eram um palco de ostentação, com imagens de viagens luxuosas, como uma recente estadia em Dubai.
No entanto, segundo a PF, essa viagem a Dubai não era turística, mas sim uma missão de negócios. Buzeira e seu contador, Rodrigo Morgado (também preso na operação), teriam ido ao emirado para abrir empresas e buscar vantagens tributárias e sigilo financeiro.
O Esquema de Lavagem de Dinheiro
A investigação aponta que os valores milionários arrecadados com as rifas não regulamentadas e casas de apostas eram desviados por meio de um método sofisticado:
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Uso de “laranjas” e empresas de fachada.
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Transferências internacionais, especialmente para o Caribe.
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Utilização de criptomoedas para dificultar o rastreamento.
Em trocas de mensagens obtidas pela PF, Morgado chega a orientar Buzeira a comprar uma carteira física para criptomoedas “sem restos governamentais”. A investigação identificou uma nota fiscal de R$ 50 milhões emitida por uma empresa de Buzeira para uma companhia sediada em Curaçao, no Caribe, referente a “serviços de publicidade”. Para os delegados, era uma “clara tentativa de simular uma origem lícita” para o dinheiro.
As conversas também mostram discussões sobre a movimentação de dezenas de milhões de reais para tentar obter uma licença para operar casas de apostas (bets) no Brasil.
Os Bens Apreendidos e as Defesas
A operação resultou na apreensão de uma fortuna em bens:
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Carros de luxo, incluindo um superesportivo avaliado em mais de R$ 5 milhões.
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Mais de 30 motos.
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Eletrônicos e joias.
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Duas pedras identificadas como esmeraldas, com certificado de autenticidade no valor de R$ 1,7 bilhão – o valor real ainda será determinado pela perícia.
As defesas de Buzeira e Morgado negaram qualquer envolvimento de seus clientes com tráfico de drogas, associação criminosa ou lavagem de dinheiro, afirmando que a conduta deles sempre foi pautada pela legalidade.
Enquanto isso, Buzeira e Morgado estão presos, e as imagens de ostentação nas redes sociais dão lugar às cenas de tensão dentro da mansão cercada pela polícia, marcando o colapso de uma operação que, segundo as autoridades, movimentou centenas de milhões de reais.