Imagens registradas na tarde deste domingo (23) mostram o ex-presidente Jair Bolsonaro dentro da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, pouco depois de receber a visita da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Michelle chegou ao prédio por volta das 14h, acompanhada de assessores. Ela não falou com a imprensa e permaneceu cerca de 40 minutos na unidade antes de deixar o local.
Bolsonaro está preso desde as primeiras horas de sábado. Segundo a PF, havia risco de fuga, além da violação da tornozeleira eletrônica e da tentativa de usar uma aglomeração de apoiadores — convocada pelo senador Flávio Bolsonaro — para dificultar a fiscalização das medidas impostas pela Justiça.
O ex-presidente segue detido em uma sala especial da PF, com aproximadamente 12 m², equipada com cama, banheiro, TV e ar-condicionado. Ele deve permanecer ali até a definição sobre onde cumprirá a pena de 27 anos e 3 meses pelo crime de tentativa de golpe de Estado, cujo trânsito em julgado deve ocorrer na próxima semana.
Estado de saúde
De acordo com boletim médico divulgado neste domingo, Bolsonaro está clinicamente estável e passou a noite sem complicações. O documento foi assinado pelos médicos Cláudio Birolini, cirurgião-geral, e Leandro Echenique, que o avaliaram na própria sede da PF.
Os profissionais relataram que Bolsonaro apresentou, na noite de sexta-feira (21), um episódio de confusão mental e alucinações. O quadro, segundo eles, pode ter sido causado pela pregabalina, medicamento prescrito por outro integrante da equipe médica.
O próprio Bolsonaro afirmou à Justiça que teve um surto e que, por causa disso, danificou sua tornozeleira eletrônica usando um equipamento de solda enquanto estava em prisão domiciliar.
O boletim também explica que a pregabalina tem interação importante com dois medicamentos usados por Bolsonaro para tratar crises de soluços — clorpromazina e gabapentina. A combinação pode gerar efeitos como confusão, desorientação, sonolência, alterações de equilíbrio, alucinações e perda de capacidade cognitiva.
Pedido de prisão humanitária
A defesa de Bolsonaro pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ele seja autorizado a cumprir prisão domiciliar humanitária, alegando questões de saúde e idade.
No documento enviado ao ministro Alexandre de Moraes, os advogados afirmam que “não existe risco de fuga” e que a violação da tornozeleira teria sido consequência do episódio de confusão mental provocado pelo uso dos medicamentos durante o feriado.