O cacique Raoni Metuktire enviou uma mensagem direta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta semana, pedindo que o governo finalize a demarcação de terras indígenas, prometida no início do mandato. O vídeo, encaminhado pela equipe do líder ao portal BBC Brasil, traz um apelo firme e repetido pelo ancião, que, aos cerca de 90 anos, segue como uma das mais importantes vozes da proteção da Amazônia.
“Demarca, Lula! Demarcação, Lula! Bom dia. Lula, me ouça com muita atenção. Nesse momento, eu quero mandar uma mensagem para você ouvir. Você tinha prometido para mim que, quando assumisse a Presidência, iria demarcar todas as terras. E eu ainda lembro de suas palavras”, diz Raoni na gravação. Ele afirma reconhecer as áreas que já foram homologadas, mas lembra que parte dos processos segue sem conclusão. “Eu peço que você dê uma atenção e possa demarcar essas terras, e que essas terras possam ter florestas e rios que contribuam com nossa respiração. Para que nós possamos ter ar puro para respirar. E é somente isso que eu peço para que você dê atenção”, finalizou brevemente.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Cacique Raoni e Lula durante a posse do presidente no dia 2 de janeiro de 2023Reprodução: YouTube/TV Brasil Cacique Raoni cobra demarcação de terras à Lula, promessa de posse do presidenteReprodução: BBC Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT)Reprodução: YouTube/CanalGov Shawn Mendes em visita à comunidade indígena, enquanto participa da COP30Reprodução: Instagram/@shawnmendes Shawn Mendes em visita à comunidade indígena, enquanto participa da COP30Reprodução: Instagram/@shawnmendes
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A cobrança pública ocorre em meio à COP30, realizada em Belém, onde a presença de Raoni tem sido marcante tanto nas programações oficiais quanto nas manifestações paralelas. O líder, conhecido internacionalmente por sua atuação histórica em defesa da Amazônia, voltou também a se posicionar contra a expansão de projetos de infraestrutura e exploração energética em áreas sensíveis da floresta.
Durante uma barqueata que abriu a Cúpula dos Povos, evento paralelo à conferência climática, Raoni criticou a liberação de pesquisas de petróleo na Margem Equatorial. Segundo ele, havia alertado Lula pessoalmente. “Eu falei com o presidente Lula para ele não procurar petróleo aqui. Vou continuar cobrando. Penso em marcar um novo encontro com ele para falar sobre isso. Temos que ser respeitados”, afirmou. Nos últimos meses, o líder também conversou com o presidente francês Emmanuel Macron, pedindo que França e Brasil não autorizem perfurações próximas à região amazônica, que abrange manguezais, recifes e áreas de biodiversidade rara.
O posicionamento do cacique contrasta com decisões recentes do governo. No fim de outubro, a Petrobras recebeu autorização do Ibama para iniciar estudos exploratórios no bloco 59, a centenas de quilômetros da foz do Amazonas. A licença, defendida pela estatal como rigorosa e técnica, é alvo de críticas de ambientalistas preocupados com risco de vazamentos e impacto em ecossistemas sensíveis.
Entre os símbolos dessa COP30 está também a presença do cantor canadense Shawn Mendes, que participou de atividades paralelas ao lado da ativista equatoriana Sumak Helena Gualinga, com quem estaria se relacionando segundo a imprensa internacional. O artista visitou Raoni antes do início de sua agenda em Belém e ouviu do líder o pedido para que continue ajudando a levar ao mundo a mensagem de respeito às florestas. Mendes compartilhou nas redes sociais reflexões sobre sua primeira viagem à Amazônia, dizendo ter aprendido com povos originários sobre “verdade, comunidade e natureza” e afirmando que proteger os direitos indígenas é inseparável de proteger o ambiente.
Com 93 anos de vida, Raoni permanece no centro da luta por reconhecimento territorial, preservação ambiental e respeito aos povos da floresta. Seu recado a Lula, enviado em vídeo, reforça o que tem dito aos chefes de Estado desde os anos 1980: a sobrevivência da Amazônia, bem como do planeta inteiro, depende de decisões urgentes.