A decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) de aplicar uma multa de R$ 100 mil ao atacante Bruno Henrique, do Flamengo, por suposto envolvimento em manipulação de apostas esportivas, repercutiu imediatamente entre dirigentes do futebol brasileiro. O presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, responsável pela denúncia que desencadeou a Operação Penalidade Máxima em 2022, classificou a penalidade como desproporcional.
Em entrevista ao ge, Hugo afirmou que o valor determinado pelo tribunal é irrisório diante da realidade financeira do atleta. “É um atleta de envergadura, punido com multa de R$ 100 mil, valor insignificante pro salário mensal dele. Há uma desproporção e uma incoerência entre as punições. A gente vê outro atleta, em uma divisão inferior (Série B), como a nossa, ser punido, de forma correta, com uma punição mais severa”, declarou.
Veja as fotosAbrir em tela cheia O atleta segue atuando sob efeito suspensivo.Reprodução/@b.henrique Apesar da decisão, Bruno Henrique não entra em campo contra o Juventude, neste domingo (14/9).Reprodução/b.henrique Bruno Henrique na comemoração após a partida contra o Estudiantes.Gilvan de Souza/Flamengo
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O dirigente também destacou que, no entendimento dele, a decisão não condiz com a gravidade do tema. “Quando se trata de certo ou errado, nós não podemos torcer, não podemos ter cor de camisa, não podemos ter condição social. A punição ficou muito branda. Para falar a verdade, não teve punição”, completou.
Bruno Henrique havia sido denunciado por supostamente forçar um cartão amarelo em partida contra o Santos, no Mané Garrincha, pelo Campeonato Brasileiro de 2023. Em setembro, o STJD condenou o jogador a 12 partidas de suspensão. Com o recurso apresentado pelo Flamengo, o atacante seguia em campo sob efeito suspensivo até a sessão desta quinta-feira (13/11), quando o tribunal decidiu por seis votos a três substituir a suspensão pela multa.
Hugo Jorge Bravo relembrou seu papel no início das investigações que revelaram um esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro. “Eu fico muito confortável em tratar desse tema, porque, final de 2022, nós levamos a denúncia da manipulação de jogos ao Ministério Público do Estado de Goiás e isso culminou na Operação Penalidade Máxima, que teve aí repercussão internacional e que foi um marco. Vendo o resultado desse julgamento (de Bruno Henrique), achei o resultado muito ruim”, afirmou.
A investigação que deu origem à operação começou após Hugo descobrir que o volante Romário, do Vila Nova, havia recebido uma proposta de R$ 150 mil para cometer um pênalti contra o Sport, na Série B de 2022. Como não foi relacionado para a partida, o jogador tentou convencer outros atletas do elenco a participar do esquema, sem êxito. Policial militar, Hugo reuniu provas e levou o caso ao Ministério Público de Goiás, o que desencadeou as fases seguintes da operação.
Em maio de 2023, a segunda fase da Penalidade Máxima levou 16 pessoas a se tornarem rés, incluindo sete jogadores. Romário, apontado como pivô do caso, foi banido do futebol à época, mas voltou a ter autorização para atuar dois anos depois, assim como Ygor Catatau e Gabriel Tota. Em abril deste ano, 23 dos 33 atletas investigados pelo STJD já estavam liberados para voltar aos gramados.
Paralelamente ao julgamento esportivo, Bruno Henrique também responde na esfera criminal. Em abril, o atacante foi denunciado pela Polícia Federal por fraude esportiva e ainda será julgado pela Justiça comum.
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