A sessão desta terça-feira na Câmara Municipal de Sena Madureira ganhou um novo capítulo da disputa política entre aliados e opositores do ex-prefeito Mazinho Serafim. Após o vereador Francisco Maia (PP) denunciar o superfaturamento de cirurgias pagos pela gestão passada — citando o caso de uma hérnia de R$ 419 que custou R$ 8.029 — a vereadora Ivoneide Bernardino (PL) subiu o tom e saiu em firme defesa do ex-gestor.
Logo ao iniciar sua fala, Ivoneide destacou que os recursos enviados por meio das emendas PIX foram utilizados para financiar 6.600 cirurgias na Santa Casa de Misericórdia, incluindo procedimentos oftalmológicos. Segundo ela, o investimento teve impacto direto na redução da demanda reprimida por atendimentos especializados.
“Esse recurso foi destinado para o hospital oftalmológico, que custeou cirurgias de olhos, as cirurgias oftalmológicas”, explicou a parlamentar.
Em seguida, a vereadora contestou a narrativa de que houve desvio de finalidade, afirmando que existe desconhecimento sobre o funcionamento das emendas PIX — tanto entre a comunidade quanto entre alguns parlamentares.
De forma categórica, Ivoneide afirmou:
“A emenda PIX não fica amarrada ou condicionada totalmente a um determinado objeto. Ela pode ser mudada ao longo da execução, de acordo com a sua finalidade.”
A vereadora reforçou que as transferências especiais possuem flexibilidade de uso, podendo ser destinadas a diferentes tipos de projetos e despesas, desde que dentro das áreas permitidas por lei — argumento alinhado ao que mostram orientações técnicas do governo federal, como na imagem apresentada pelo usuário, que destaca:
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Ausência de vínculo prévio
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Possibilidade de uso em diversos projetos
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Flexibilidade para mudança de objeto ao longo da execução
A fala de Ivoneide foi uma resposta direta às duras críticas de Francisco Maia, que afirmou que o relatório da CGU comprova índices de superfaturamento de até 1.829% em cirurgias pagas na gestão Mazinho. Maia também declarou que os números “confirmam que havia uma quadrilha na gestão passada”, citando repetidamente o caso da cirurgia de hérnia.
Ivoneide, por outro lado, argumentou que o debate estava sendo politizado e que os recursos foram utilizados para atender necessidades reais da população. Para ela, a interpretação do relatório tem sido “forçada” com o objetivo de atacar o ex-prefeito.
“Essas cirurgias ajudaram milhares de pessoas. É preciso responsabilidade ao tratar desse assunto”, finalizou.
Com o relatório da CGU já encaminhado ao Ministério Público Federal, o tema promete continuar dominando as próximas sessões da Câmara. Enquanto a oposição reforça que os valores pagos são “inexplicáveis”, aliados de Mazinho insistem na legalidade da realocação das emendas e na relevância social das cirurgias realizadas.