História sem trama paralela, ágil e feita para ser vista no celular: o que é novela vertical?

História sem trama paralela, ágil e feita para ser vista no celular: o que é novela vertical?

Os microdramas estão ganhando espaço no audiovisual brasileiro, e a Globo mergulhou no formato com “Tudo por Uma Segunda Chance”, sua primeira novela vertical, que estreou nesta terça-feira (25) nas redes sociais da emissora. A produção tem capítulos de 2 a 3 minutos, dez por semana, sempre às terças, e foi pensada para ser acompanhada pelo celular. É dramaturgia condensada, rápida e feita para prender a atenção sem distrações.

O diretor Adriano Melo explica de forma simples o que define esse tipo de narrativa. “O microdrama é uma boa história contada de uma forma ágil, com personagens e temas muito bem definidos, além de ganchos que nos permitem acompanhar essa história e se interessar do começo ao fim”. Para ele, trata se de “uma novela sem trama paralela, em síntese”. O foco é manter o interesse do público o tempo todo, sem pausas e sem gordura.

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Mas a maior mudança acontece atrás das câmeras. Gravar na vertical mexe com toda a lógica de produção. “A forma de enquadrar, de marcar a figuração e o elenco é diferente. Precisamos considerar cenografia para mais quantidade de teto e mais chão do que as filmagens na horizontal. Os closes também funcionam de forma diferente. Esses aprendizados vêm de um grande estudo da nossa parte”, explica Melo. A equipe trabalha com câmeras menores e mais leves, e todos os setores dos Estúdios Globo precisaram adaptar seus métodos, do figurino aos cenários. A novelinha ainda contou com gravações externas no Rio, incluindo a casa usada como a mansão da família Trajano.

A velocidade também muda a forma de contar história. A cenógrafa titular Anne Bourgeois destaca um dos maiores desafios do formato. “Uma das coisas que mais me impressiona nas novelas verticais é essa fórmula mágica de passar as informações fundamentais para a história em questão de segundos”. Segundo ela, o ambiente precisa ser identificado quase instantaneamente. “Precisamos mostrar no intervalo de um frame que estamos, por exemplo, em um restaurante ou em um ambiente hospitalar.” Em sua visão, “cada capítulo da novelinha é uma pílula de informação que precisa realmente conter tudo que é fundamental. É diferente de uma novela padrão, na qual temos muito mais tempo de tela para situar o público.”

Mesmo com tanta novidade, Adriano Melo reforça que o microdrama não substitui o modelo clássico. “Com certeza. Esta é apenas mais uma forma de fazer novela, com um DNA próprio”. Para ele, o formato tradicional continua dominante, e o vertical surge como complemento. “Trata se aqui de mais um olhar, com releituras de coisas interessantes, que podem conectar um público nascido no meio digital ou que simplesmente deseja novelas mais rápidas, para serem vistas a qualquer hora do dia, e na tela ou plataforma que for mais conveniente.”

“Toda por Uma Segunda Chance” aponta para essa nova fase, em que a novela continua novela, mas se acomoda no bolso do público sem perder personalidade. É a força da dramaturgia adaptada ao ritmo de quem vive no scroll.

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