O programa Fantástico, da Globo, exibiu neste domingo (30/11), vídeos exclusivos do depoimento de Hytalo Santos à Justiça, onde ele afirma sentir-se injustiçado pelas acusações de exploração sexual envolvendo adolescentes que participavam de seus vídeos.
“Eu me sinto até um pouco constrangido por ter feito tanto por essas crianças, tanto por esses adolescentes que estão colocados aqui nos autos e ter que responder, por mais que seja obrigatório estar respondendo aqui, mas me dói, me dói muito”, afirmou durante a audiência.
Segundo Hytalo, o conteúdo publicado em suas redes mostrava apenas coreografias e aspectos do cotidiano ligados ao brega funk, ritmo associado à periferia. Ele reforçou: “Eu nunca cheguei a gravar vídeos com cenas pornográficas nem com cunho sexual. E a gente só gravava a nossa rotina com a cultura de periferia, que é de onde eu venho. Entre Recife e João Pessoa, o ritmo mais escutado hoje, daqui, produzido e está no Brasil inteiro, do ritmo de brega funk. Que as coreografias e os passos usados, por alguns, é visto com esse olhar. Mas para a gente que é da periferia é arte”.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Hytalo Santos presta depoimento após prisãoFoto/Instagram/Globo Polícia divulga novas imagens de Hytalo Santos na penitenciária da ParaíbaReprodução Hytalo Santos e EuroFoto: Reprodução/Instagram @hytalosantos FelcaReprodução YouTube Felca Hytalo Santos, influenciador digitalReprodução: Redes Sociais Hytalo Santos e Israel Nata VicenteFoto: Abraão Cruz/TV Globo
Hytalo Santos é transferido para o Centro de Detenção Provisória de PinheirosReprodução/Portal LeoDias Hytalo Santos e Euro sendo presos em residência em Carapicuiba, São Paulo, na manhã de sexta-feira (15/8)Foto: Reprodução
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As acusações
O Ministério Público da Paraíba acusa Hytalo e o marido, Israel Vicente, de tráfico de pessoas, exploração sexual e produção e compartilhamento de pornografia infantil. Para os investigadores, o casal publicava vídeos de adolescentes dançando, alguns deles vivendo na residência dos influenciadores, em um condomínio fechado em Bayeux, região metropolitana de João Pessoa.
Durante o interrogatório, o promotor questionou se o influenciador tinha conhecimento de que usuários poderiam interpretar o conteúdo como erótico. Hytalo respondeu:
“Como nossos vídeos tinham muita repercussão, vossa excelência, os comentários chegavam a ter 20 mil comentários, 30 mil comentários. E a maioria dos comentários era baseado na força de cada personagem, como era visto por eles”.
Ele também afirmou que não recebia dinheiro das plataformas pelas postagens com menores, dizendo que sua renda vinha apenas de publicidade e rifas autorizadas.
Ao ser perguntado se os adolescentes eram remunerados, Hytalo declarou:
“Os pais eram, mas não por obrigação, não por combinado, eu me sentia no direito de fazer por eles”.
Outros quatro ex-funcionários, entre eles dois policiais militares que atuavam como seguranças, também prestaram depoimento. Eles disseram que não consideravam os vídeos pornográficos, mas admitiram que não tinham acesso completo ao interior da casa.
Início da repercussão
O caso ganhou visibilidade após um vídeo do influenciador Felca denunciar a suposta “adultização” de crianças na internet. A gravação gerou forte repercussão e levou o GAECO, do Ministério Público da Paraíba, a pedir a prisão de Hytalo. Ele e o marido foram detidos em São Paulo e transferidos para o estado, onde permanecem presos.
A defesa tentou revogar a prisão, mas o pedido foi negado. O advogado Sean Kombier Abib afirmou: “Eles podem ser vistos como sensuais, mas a lei não criminaliza o ato sensual. Ela criminaliza o ato pornográfico. E a pornografia não está demonstrada”.
Outras ações na Justiça
Além do processo criminal, o Ministério Público do Trabalho acusa Hytalo e Israel de manter um esquema de tráfico de pessoas voltado à exploração sexual e de submeter menores a condições análogas à escravidão. O caso ainda aguarda manifestação da defesa.