Justiça do Acre revoga liberdade e manda empresários investigados por tráfico e lavagem de dinheiro de volta ao presídio

André Bogues (esq.), Douglas Henrique da Cruz (centro) e Johnnes Lisboa devem voltar para o presídio — Foto: Reprodução

A Justiça do Acre revogou, na última quinta-feira (6), a liberdade dos empresários Johnnes Lisboa, Douglas Henrique da Cruz e André Borges, investigados por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Com a decisão, eles devem voltar para o presídio.

O Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) julgou o mérito do habeas corpus concedido em setembro, quando os três foram liberados com tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares.

De acordo com o g1, André Borges e Douglas Henrique se apresentaram à Justiça após a revogação. Já Johnnes Lisboa teria cortado a tornozeleira e não foi encontrado até o início da noite de quinta-feira.

A advogada Daiane Carolina Dias de Sousa Ferreira, que defende os empresários, negou que Johnnes esteja foragido.

“Ele não tinha conhecimento da decisão. Assim que soube, entrou em contato com o delegado. Os três já estão no presídio”, disse.

Operação Inceptio

Os empresários foram presos em setembro durante a Operação Inceptio, da Polícia Federal, que investiga um esquema de tráfico e lavagem de dinheiro em seis estados.

Além deles, também foram presos John Muller Lisboa e Mayon Ricary Lisboa, que continuam detidos. A operação foi deflagrada em Rio Branco (AC), Porto Velho (RO), Ubaí (MG), Camaçari (BA), Ilhéus (BA), Salvador (BA), Cabedelo (PB) e São Paulo (SP).

Empresas e envolvimento na Expoacre

Os irmãos Lisboa e o primo Douglas são donos de várias empresas do ramo de eventos.
Duas delas, Moon Club RB DHS da Cruz Sociedade LTDA e DHS da Cruz Sociedade LTDA, de Douglas, foram responsáveis pela venda de camarotes e pela contratação de artistas da Expoacre Rio Branco 2025.

Johnnes Lisboa, por sua vez, é diretor da Inove Eventos, empresa que havia anunciado o show do DJ Alok em Rio Branco. O evento foi cancelado uma semana após as prisões.

O cinegrafista John Muller Lisboa, também investigado, ocupava um cargo comissionado na Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict), com salário superior a R$ 6 mil, e foi exonerado no dia seguinte à prisão.

A Justiça determinou o bloqueio de R$ 130 milhões em contas bancárias e a apreensão de cerca de R$ 10 milhões em bens.

Segundo a Polícia Federal, o grupo enviava grandes quantidades de droga do Acre para o Nordeste e o Sudeste e usava empresas de fachada, contas bancárias e criptomoedas para lavar o dinheiro.

O delegado André Barbosa, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE/AC), afirmou que o esquema funciona desde 2019.

“As empresas eram usadas para movimentar recursos ilícitos, dando aparência de legalidade ao dinheiro do tráfico”, explicou.

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