A decisão entre Flamengo e Palmeiras em 2025, que vai acontecer no Monumental de Lima, recoloca frente a frente dois dos maiores projetos esportivos do país e revive uma tradição que, embora rara nas primeiras décadas da Libertadores, tornou-se um marco do poder econômico e técnico do futebol brasileiro no século XXI. A decisão reacende também um capítulo particular da história do torneio: as finais entre times do mesmo país, com confrontos os quais costumam nascer de hegemonias estruturais, choques de identidade e disputas que ultrapassam a fronteira do campo.
O portal LeoDias revisitou, em ordem cronológica, todas as decisões de peso entre clubes da mesma nacionalidade na história da Libertadores. Com base em fatos verificados e registros oficiais, contextualizando o momento de cada equipe, confira o impacto esportivo e o significado coletivo de cada confronto.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Estádio Monumental de Lima, no PeruReprodução/X Final da Libertadores entre Flamengo e Palmeiras faz pacotes para Lima subirem até 70% Time titular do Palmeiras perfilado antes da bola rolar contra a LDU.Cesar Greco/Palmeiras Gilvan de Souza/Flamengo Clubes brasileiros venceram 14 das 17 edições da Libertadores Feminina.Divulgação/Conmebol Thiago Almada, Luiz Henrique e Savarino e Igor Jesus conquistaram a Libertadores pelo Botafogo em 2024Thiago Almada, Luiz Henrique e Savarino e Igor Jesus conquistaram a Libertadores pelo Botafogo em 2024 / Reprodução Artur Jorge e John Textor, na comemoração do título da Libertadores de 2024 (Luis Robayo/AFP)
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2005: Quando a casa não é sua, o jogo pesa mais
A final de 2005 teve um pano de fundo marcado por desigualdades estruturais e polêmica logística: o Athletico, finalista inédito, foi forçado a mandar a partida de ida em Porto Alegre (Beira-Rio) porque a Arena da Baixada não cumpria exigências da Conmebol. O clube e sua torcida lembram essa circunstância até hoje como fator de desvantagem. O empate por 1 a 1 no primeiro duelo manteve a disputa aberta, mas o Morumbi transformou a volta em um evento de imposição técnica.
No Morumbi, o São Paulo, montado por Paulo Autuori e com elenco experiente, impôs a superioridade técnica e venceu por 4 a 0 na volta. Registros oficiais do clube e reportagens contemporâneas destacam que a discussão sobre o veto ao estádio da Baixada contaminou o ambiente pré-jogo e alimentou sentimento de injustiça entre os atletas do Furacão.
No fim, a percepção de favoritismo do São Paulo, combinado à pressão de um Morumbi lotado, transformou a segunda partida em um cenário de imposição tática. Nos corredores, dirigentes do Athletico ainda reclamavam do calendário e da logística, argumento usado para explicar a queda de desempenho na volta.
2006: A fé de um elenco pode virar destino
Um ano depois, as narrativas se inverteram: o Internacional, com Fernandão como referência e Abel Braga no banco, chega à final com um projeto de afirmação esportiva e emocional. Venceu no Morumbi (2-1) com dois gols de Rafael Sóbis e segurou o empate no Beira-Rio, consumando o primeiro título colorado na história da Libertadores. A partida carregou o peso do jogo coletivo do Inter contra um São Paulo que tentava a sequência de hegemonia.
O Inter aproveitou um ambiente de confiança interno, impulsionado por campanhas sólidas nas fases anteriores, enquanto o São Paulo, pressionado pela busca do tetracampeonato, encontrou no Morumbi a resistência adversária. Relatos da época registram que o clima nos vestiários do Inter era de convicção tática e coesão emocional, elementos decisivos para superar o favoritismo técnico do rival.
2018: Quando a rivalidade precisa se desarmar para jogar
A final argentina de 2018 ficou marcada por um impacto extrafutebolístico que reescreveu o mapa da competição. Após o ataque ao ônibus do Boca Juniors antes da partida de volta, a Conmebol decidiu transferir o jogo decisivo para o Santiago Bernabéu, em Madri, sendo a primeira (e até agora única) final de Libertadores disputada fora das Américas. O episódio envolveu investigações, recursos e decisões disciplinares, inclusive processo no TAS/CAS, e transformou o clássico em um evento de segurança internacional e repercussão política.
O drama extramuros — com denúncias, comunicados oficiais dos clubes e intensa cobertura internacional — tornou o jogo uma disputa de narrativa além do gramado. Autoridades espanholas e organizadores planejaram um aparato de segurança excepcional; jogadores e dirigentes relataram desgaste emocional por semanas de incerteza. O fator palco (Bernabéu) e a logística atípica adicionaram uma dimensão inédita ao confronto, transformando-o em espetáculo global e em documento sobre vulnerabilidades de gestão em competições continentais.
O empate por 2 a 2 na Bombonera havia dado início ao duelo com tensão máxima. Na Espanha, o 1 a 1 no tempo normal abriu espaço para uma prorrogação dominada pelo River, que venceu por 3 a 1, num jogo que virou documento histórico do futebol sul-americano.
2020: A solidão das decisões também decide jogos
Disputada já na era do jogo único e em contexto de pandemia, a final de 2020 teve atmosfera de final atípica: estádio com público restrito (protocolos sanitários, viagens limitadas) e uma carga simbólica grande para o Palmeiras, que voltava ao topo após 21 anos. O gol de Breno Lopes nos acréscimos, em cabeçada após escanteio, converteu o drama em êxtase alviverde e consolidou o projeto esportivo liderado por Abel Ferreira.
A conjuntura pandêmica alterou rotinas e deslocamentos; bastidores registram intensificação do trabalho interno (testes, bolhas, viagens controladas) e uma pressão psicológica concentrada em poucas horas. Para o Palmeiras, o triunfo reconstruiu o prestígio continental; para o Santos, a frustração foi amplificada pela proximidade do fim do jogo e pelo caráter dramático do desfecho.
2021: Dois gigantes e um sopro de acaso
A reedição de 2021 reuniu dois projetos robustos: o Palmeiras bicampeão (2020) e o Flamengo com elenco estrelado e forte apelo de massa após o ano perfeito de 2019, com o bi da Liberta como cereja do bolo. Em jogo equilibrado, Raphael Veiga abriu o placar; Gabigol empatou, e Deyverson, na prorrogação, após erro individual de Andrés Pereira, encerrou a disputa. O contexto era de choque entre modelo de gestão que prioriza estrutura e elenco milionário (Flamengo) e um projeto de consistência tática e suplementar (Palmeiras de Abel).
Montevideo reuniu expectativas de torcida e mídia internacional; relatos de aglomerações, cobertura intensa e pressão por decisões de arbitragem fizeram parte do cenário. Nos bastidores, há registros de debates sobre ritmo de jogo e alterações táticas, cpm sinais de dois clubes que saem do aspecto retórico para escolhas cirúrgicas em um jogo que definia hegemonia recente na América.
2022: A força dos favoritos se mede nos detalhes
Em Guayaquil, o Flamengo reconquistou a América com um gol decisivo de Gabriel Barbosa, já consagrado como homem-gol em decisões. O Athletico, que havia eliminado rivais como o Palmeiras, chegou com mérito e com uma proposta mais pragmática, mas a efetividade rubro-negra e a profundidade do elenco pesaram. A final confirmou a capacidade do Flamengo de transformar investimento financeiro e elenco em rendimento decisivo em partidas de alta tensão.
O ambiente em Guayaquil foi de expectativa controlada. Jornalistas e analistas apontavam que o Athletico, por seu modelo e trajetória, era o “outsider” tático que surpreendia pelotões mais estruturados. O Flamengo trouxe ao jogo experiência em decisões e apetite de vitória que se traduziu em superioridade nos momentos-chave.
2024: Heróis surgem no caos, não na calmaria
A final de 2024 entrou para as páginas épicas: o Botafogo conquistou a Libertadores pela primeira vez apesar de ter sido reduzido a 10 jogadores aos 29–35 segundos após a expulsão de Gregore. O episódio poderia ter desorganizado qualquer plano tático. Em vez disso, o Glorioso se reestruturou, converteu chance em gols (Luiz Henrique, Alex Telles de pênalti e Júnior Santos) e consumou uma conquista histórica. A combinação de reação coletiva, estratégia do técnico e coerência defensiva foi o núcleo do triunfo.
o Monumental viveu momentos de choque e euforia: a expulsão precoce gerou um silêncio elétrico e imediata tensão, seguida por uma reação tática que, nos bastidores, é descrita como ajuste de atenção total do elenco e comando técnico. A vitória também ganhou contornos políticos e econômicos, pois a gestão do clube e seu projeto de investimento (mencionado por análises que discutem a influência de investidores e estratégia de mercado) entraram no debate público sobre sustentabilidade de modelos vencedores no futebol brasileiro.
2025: Histórias que insistem em se reencontrar
A reedição da final de 2021, agora em 2025 no Monumental de Lima, traz o mesmo roteiro de confronto entre duas máquinas futebolísticas do país, mas em cenários e pressões diferentes: evolução de elencos, renovação de projetos e uma Libertadores em que o Brasil instalou um ciclo de protagonismo. Além das questões táticas, entram em cena negociações contratuais, planejamento de janelas de transferências e gestão de expectativas de patrocinadores, com elementos que transformam cada final em termômetro institucional e de mercado.
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