Mirassol e a linhagem dos azarões: relembre os pequenos que desafiaram gigantes no Brasileirão

Mirassol e a linhagem dos azarões: relembre os pequenos que desafiaram gigantes no Brasileirão

O Mirassol tem vivido um daqueles momentos raros que quebram a lógica do futebol brasileiro. Em sua temporada de estreia na elite, o time do interior paulista desafia orçamentos milFionários e estatísticas ao figurar entre as equipes mais consistentes do Campeonato Brasileiro. A ascensão inesperada desperta memórias de outras campanhas que, embora não tenham terminado com títulos, eternizaram clubes na história do Brasileirão.

Os pioneiros do improvável
Em 1985, o Bangu e o Brasil de Pelotas dividiram o protagonismo de uma edição que ficou marcada pelo equilíbrio e pela ousadia dos pequenos. O time de Moça Bonita, impulsionado pelo poder financeiro de Castor de Andrade, venceu grupos difíceis, eliminou o Brasil e só parou na final diante do Coritiba, em uma disputa de pênaltis que ainda hoje povoa a memória dos torcedores. O Xavante, por sua vez, viveu sua maior glória ao derrotar o Flamengo de Zico por 2 a 0 em Pelotas, eliminando o favorito e encerrando a campanha num honroso terceiro lugar.

Veja as fotosAbrir em tela cheia Mirassol promete R$ 7,5 milhões de bicho por vaga na LibertadoresPedro Zacchi/Mirassol Reinaldo é o principal destaque do Mirassol para o Brasileirão de 2025Reprodução Mirassol promete R$ 7,5 milhões de bicho por vaga na LibertadoresJP Pinheiro/Mirassol Mirassol promete R$ 7,5 milhões de bicho por vaga na LibertadoresPedro Zacchi/Mirassol

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No ano seguinte, o América-RJ surpreenderia ao chegar à semifinal do Brasileirão de 1986, depois de desbancar gigantes como Corinthians e Grêmio. Com um futebol aguerrido e técnico, o time carioca foi eliminado apenas pelo São Paulo de Careca, encerrando sua trajetória com o respeito de todo o país.

As forças do interior
Não é de hoje que clubes do interior, formados em cidades afastadas das capitais, ganha, espaço no cenário nacional. Casos como o Bragantino, de Bragança Paulista, o Ituano, de Itu, o Tupi, de Juiz de Fora, a Chapecoense, de Chapecó, e agora o Mirassol, do noroeste paulista, simbolizam o avanço dessas forças regionais que desafiam o domínio tradicional dos grandes centros urbanos.

Em 1977, o Londrina desafiou Flamengo, Vasco e Santos para terminar entre os quatro melhores do Brasil, sendo a melhor campanha paranaense até então. Naquele mesmo ano, o Operário-MS conquistou o terceiro lugar, vencendo o Palmeiras e empatando com o Botafogo no Rio. Foram façanhas que colocaram regiões fora do eixo Rio–São Paulo sob os holofotes do futebol nacional.

Nos anos seguintes, o protagonismo seria do Náutico de 1967, que chegou à final da Taça Brasil, e do Bragantino de 1991, vice-campeão nacional sob o comando de Carlos Alberto Parreira, numa final paulista contra o São Paulo. Já a Portuguesa de 1996 e o São Caetano da Copa João Havelange de 2000 viveram campanhas que beiraram o impossível, e ainda hoje representam o ápice da ousadia de clubes médios em meio aos gigantes.

As façanhas esquecidas
Entre os anos 2000 e 2010, o futebol brasileiro voltou a testemunhar campanhas memoráveis de clubes que desafiaram os grandes centros. O Paulista de Jundiaí, por exemplo, eternizou seu nome ao conquistar a Copa do Brasil de 2005, superando o Fluminense na decisão e garantindo vaga inédita na Libertadores. Um ano antes, o Santo André havia protagonizado façanha semelhante, batendo o Flamengo em pleno Maracanã e levantando o mesmo troféu.

Esses títulos, conquistados por times do interior paulista, não apenas mudaram a geografia competitiva do país, mas provaram que a força regional podia se traduzir em conquistas nacionais. O sucesso do Ituano, com seus dois títulos paulistas (em 2002 e 2014), reforçou essa tese, ao demonstrar que uma estrutura sólida e um elenco comprometido são suficientes para romper barreiras históricas.

O poder das gestões do interior
Enquanto muitos clubes do eixo Rio–São Paulo enfrentavam crises administrativas, alguns projetos do interior mostravam o valor da organização. O Bragantino, de Bragança Paulista, tornou-se um símbolo de modernização. Campeão da Série B em 2019 e impulsionado por um modelo empresarial inovador, o clube se reinventou sem perder a identidade local. O Oeste, de Itápolis, viveu trajetória parecida: saiu das divisões inferiores, chegou à Série B e mostrou como o interior paulista podia competir em planejamento e profissionalismo.

As vozes do Sul e do Centro-Oeste
O interior também se fez ouvir em outras regiões do país. O Juventude, de Caxias do Sul, protagonizou campanhas consistentes no fim dos anos 1990 e início dos 2000, chegando às semifinais da Copa do Brasil e conquistando o título em 1999. O Criciúma, outro catarinense, levantou o mesmo troféu em 1991 e consolidou a força do Sul. No Centro-Oeste, o Goiás manteve-se como representante constante nas competições internacionais, enquanto o Operário de Ponta Grossa e o Vila Nova, em diferentes períodos, mostraram que a resistência interiorana não se limita a um estado.

A herança dos audaciosos
De tempos em tempos, esses clubes retornam ao cenário nacional para reafirmar que o futebol brasileiro é feito de ciclos. Cada geração reencontra um novo “intruso” entre os grandes — do Paulista de 2005 ao Fortaleza de 2021, do Bragantino de Parreira em 1991 ao Mirassol de 2025. O que os une é o mesmo espírito de superação, a mesma crença de que a coletividade, o trabalho e a fidelidade a uma ideia podem transformar o improvável em história.

Os novos tempos
Na era dos pontos corridos, iniciada em 2003, o equilíbrio financeiro diminuiu as brechas para surpresas. Ainda assim, o Coritiba de 2003 e o Goiás de 2005 desafiaram a lógica e alcançaram a Libertadores. Pouco depois, o Paraná repetiria o feito em 2006, mostrando que o futebol ainda podia ser território de superação.

Em 2009, o Avaí encantou o país ao terminar em sexto e conquistar vaga na Sul-Americana. Dois anos depois, o Figueirense chegou perto da Libertadores, ficando a apenas dois pontos da classificação. No Nordeste, o Vitória de 2013 e o Sport de 2015 representaram a força regional ao alcançar o quinto e o sexto lugares, respectivamente.

Mais recentemente, o Fortaleza de 2021, com apenas três anos de retorno à Série A, fez história ao se classificar para a Libertadores pela primeira vez, enquanto o América-MG coroou a temporada com o mesmo feito, onde ambos reeditaram a velha tradição dos “intrusos” entre os grandes.

O novo capítulo
O Mirassol de 2025 é herdeiro dessa linhagem. Sem o peso da camisa dos grandes centros, mas com organização e ousadia, o clube do interior paulista tem desafiado o determinismo econômico do Brasileirão. Cada ponto conquistado é uma lembrança de que, no futebol, assim como no esporte, a grandeza nem sempre cabe no orçamento. Os pequenos, de vez em quando, voltam para lembrar que a essência do jogo está na capacidade de desafiar o óbvio com comprometimento, união e fé em uma ideia. Quando há propósito coletivo, convicção e entrega, até os que parecem frágeis diante da estrutura dos gigantes podem transformar o o que parece inviável em conquistas.

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