O que seria apenas mais um capítulo da rivalidade mais famosa do mundo voltou a incendiar o futebol europeu. O recente atrito entre Vinícius Júnior e Lamine Yamal, durante e após o último El Clásico, reacendeu as chamas de um duelo que há mais de um século transcende o esporte. No gramado, um empurra-empurra entre promessas e craques. Fora dele, provocações nas redes, gestos interpretados como desrespeito e uma avalanche de análises sobre o temperamento de um e a ousadia do outro.
Após o apito final, o técnico Xabi Alonso, em sua primeira temporada à frente do Real Madrid, tentou minimizar a tensão: “É pressão de clássico”, disse, em defesa de Vini Jr., que novamente se viu no centro de uma polêmica. Mas a frase, simples e direta, carrega em si a explicação que há décadas define esse confronto. O El Clásico é uma caldeira e, de vez em quando, ela transborda.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Figo sofreu com a torcida do Barcelona, que jogou até uma cabeça de porco na direção do portuguêsFoto: Getty Vini Jr. perde a paciência e briga com Yamal após o El ClásicoReprodução/X Vini Jr. se revoltou ao ser substituído no Santiago Bernabéu/ Reprodução Lamine YamalReprodução Neymar e Cristiano Ronaldo em duelo quando eram jogadores de Barcelona e Real Madrid, respectivamente (Reprodução) Messi comemora gol no BarcelonaReprodução/Instagram: @messi Cristiano Ronaldo e Fábio CoentrãoReprodução Sergio RamosReprodução Reprodução Pep Guardiola é treinador do Manchester CityReprodução/Instagram: @city
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A rivalidade
Real Madrid e Barcelona não são apenas clubes. São duas ideologias, duas cidades, duas formas de enxergar a Espanha. De um lado, o Real, identificado historicamente com o poder central, com a monarquia, com a “Espanha oficial”. Do outro, o Barça, símbolo da Catalunha rebelde, que sempre fez do futebol uma bandeira de resistência.
É por isso que cada gol carrega peso político. Cada drible tem subtexto. Cada provocação, um significado. E é também por isso que as brigas entre os dois clubes sempre pareceram inevitáveis, como capítulos de uma guerra sem fim.
Das primeiras brigas à era moderna
Nos anos 70, a “Batalha do Bernabéu” inaugurou a tradição dos confrontos violentos. Era 1970, e o clássico virou pancadaria generalizada após uma sequência de entradas duras. O árbitro perdeu o controle, e o estádio, o fôlego. Naquele dia, o futebol espanhol entendeu que Real e Barça não sabiam disputar em paz.
Mas foi em 2002 que a tensão ultrapassou o campo e virou teatro da fúria popular. Luís Figo, que havia trocado o Barcelona pelo Real Madrid dois anos antes, retornou ao Camp Nou com a camisa branca e encontrou o inferno. A cada toque na bola, uma chuva de objetos o cercava. Garrafas, moedas, e, no lance mais simbólico, uma cabeça de porco foi arremessada em sua direção. O gesto tornou-se um ícone da traição e uma das imagens mais fortes da história do futebol moderno.
Em 2003, outro capítulo explosivo: Luís Enrique, ídolo das duas torcidas em diferentes tempos, se envolveu em uma confusão com Iván Helguera. O jogo terminou com empurrões, insultos e promessas de revanche. E em 2011, na era Mourinho vs. Guardiola, o clássico ganhou contornos teatrais. A semifinal da Champions League entre os dois rivais virou uma batalha campal com Messi sendo caçado, Pepe expulso e Mourinho, à beira do campo, gesticulando como se comandasse um exército.
Também teve um jogo da Supercopa, em que o técnico português foi flagrado cutucando o olho do assistente Tito Vilanova, em um gesto que horrorizou o mundo e sintetizou o clima de histeria da época.
Pepe, Messi e o clássico do ódio
Poucos episódios condensaram tanto o espírito do El Clásico quanto o ocorrido em janeiro de 2012. O zagueiro Pepe, símbolo da intensidade madridista, pisou deliberadamente na mão de Lionel Messi. O lance correu o planeta, virou manchete e debate moral.
“Foi sem querer”, alegou o português. “Foi falta de respeito”, retrucou o Barcelona. Naquela época, Real e Barça se enfrentavam até seis vezes por temporada. E cada partida era um campo minado emocional, tático e político.
Nos bastidores, a imprensa catalã acusava o Real de “violência institucionalizada”, enquanto jornais de Madrid respondiam apontando “vitimismo teatral” do Barcelona. O El Clásico não era só um jogo. Era uma guerra de narrativas onde a disputa era quem definiria a verdade.
De Messi e Cristiano a Vini Jr. e Yamal
Quando Messi e Cristiano Ronaldo dominaram a cena, o clássico ganhou status de epopeia. Mas agora, na era digital, o confronto renasce com novas faces e novas tensões. Vinícius Júnior, com seu estilo provocador e emocional, e Lamine Yamal, com sua precocidade quase mítica, representam essa nova geração: talentosa, conectada e desafiadora.
O que antes explodia em empurrões no túnel agora reverbera em gestos nas câmeras, curtidas suspeitas e posts enigmáticos. O campo continua sendo o mesmo, mas o palco é global. E o El Clásico, mais do que nunca, é também um espetáculo midiático.
Entre o ódio e o fascínio
A história das brigas entre Real Madrid e Barcelona não é apenas uma coleção de empurrões e expulsões. É o retrato de um país dividido, de um futebol que carrega nas chuteiras as feridas da política e da paixão. O El Clásico é o espelho da Espanha, e talvez seja por isso que ninguém consegue desviar o olhar.
A cada briga e polêmica desse fabuloso clássico, no fundo, é apenas mais uma forma de dizer o que está nas entrelinhas há mais de cem anos: Real e Barça não lutam só por títulos, mas por identidade, poder e história.
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