O documentário “Meu Ayrton”, disponível na HBO Max, é uma obra que acerta ao dar espaço à versão de Adriane Galisteu sobre sua relação com Ayrton Senna — uma narrativa que, por décadas, foi silenciada ou descredibilizada pela opinião pública e por parte da imprensa. A produção, longe de buscar escândalo ou vingança, é marcada por um tom de delicadeza, sensibilidade e respeito.
O que mais chama atenção no impacto causado pelo documentário é a percepção de que essa história sempre mereceu ser contada — e que chegou tarde, mas veio no tempo certo. Há um reconhecimento de que Galisteu, ainda muito jovem na época da morte do piloto, foi tratada com brutalidade e frieza em um momento de dor pública e íntima. A série, portanto, se propõe a fazer justiça a essa memória, restaurando a humanidade de quem foi reduzida a um papel secundário na história de um dos maiores ídolos do país.
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Não se trata apenas de defender Galisteu; mas de ouvir. O público que já assistiu ressalta a força do documentário ao dar voz a quem foi silenciada, e destacar sua resiliência ao carregar por tanto tempo um luto negado e uma história amorosa desautorizada. A série emociona, especialmente por sua abordagem sóbria e íntima, sem cair na tentação de criar vilões ou espetacularizar o passado.
Há ainda que se destacar o papel fundamental dos amigos de Galisteu, que não a abandonaram em momento algum, mesmo quando boa parte do Brasil comprava versões alternativas da história. Esse reconhecimento do afeto como resistência torna o documentário ainda mais potente.
Além do conteúdo, o formato enxuto — dois episódios — também foi um acerto, garantindo ritmo, profundidade e foco. Por fim, o impacto de “Meu Ayrton” se nota na reação imediata de quem assiste: não apenas o resgate de uma história esquecida, mas a validação pública de um amor real vivido à vista de todos, e por tanto tempo ignorado.