Opinião: Sotaque forçado derruba naturalidade de Murilo Benício em “Três Graças”

Opinião: Sotaque forçado derruba naturalidade de Murilo Benício em “Três Graças”

Desde o primeiro capítulo, o sotaque do Ferette (Murilo Benício) é um ruído constante em “Três Graças”. O ator é experiente, sabe segurar antagonista, sabe construir personagem. Só que desta vez o sotaque criado para o vilão virou um obstáculo. O R puxado demais não soa regional, não soa escolha pensada, não soa personalidade. Soa desencaixado, como se tivesse sido colocado ali sem relação com o resto da novela.

Fica duro no ouvido, quebra a fluidez das cenas e ainda cria um desconforto que não tem função dramática. É estranho ver um ator do tamanho do Murilo preso a uma marca vocal que só tira naturalidade do personagem.

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O contraste ficou claro no flashback do Rogério (Eduardo Moscovis). Ele entrou em cena com o sotaque carioca de sempre, tudo seguiu normal, e ninguém precisou justificar nada. Isso escancara o ponto. Se a novela aceita sotaques de origem e não exige padronização, por que obrigar o protagonista do núcleo sombrio a sustentar um sotaque tão fraco e tão forçado.

E aqui entra um detalhe importante. Em novelas, esse tipo de sotaque costuma vir de cima, da direção. É uma decisão pensada na mesa de criação, não algo que o ator tira da cartola. Por isso mesmo a escolha impressiona pela teimosia. Não faz sentido expor Murilo Benício a uma obrigação que só atrapalha a entrega dele.

O público sente quando algo não funciona. No caso do Ferette, a quebra vem pela fala. A novela tem bons momentos, boas tramas e ritmo. O sotaque é que insiste em destoar. E já passou da hora de revisar essa escolha.

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