O roteirista do filme Brasil segue surpreendendo o país. Na semana passada, a Polícia Federal apreendeu 430 mil reais em dinheiro vivo no armário do flat usado por Sóstenes Cavalcanti, líder na Câmara do PL de Bolsonaro, quando despacha em Brasília.
O que disse o suspeito de desvio de dinheiro destinado a pagar despesas do seu gabinete de trabalho? Primeiro, vitimizou-se, acusando a Justiça de perseguição política. Depois, disse que o dinheiro era fruto da venda de um imóvel em Minas Gerais.
Que imóvel? Uma fazenda, uma casa, um apartamento? Sóstenes não disse. Em que município fica o imóvel? Sóstenes não lembrou o nome. Quem o comprou? Também não disse. Por que não depositou o dinheiro em um banco? Falta de tempo, respondeu.
Vai ver que aposta no esfriamento do assunto, tanto mais com a chegada do Natal, do Ano Novo e do recesso do Congresso. Câmara e Senado só reabrirão suas portas no início de fevereiro. Mas aí tem carnaval, pois ninguém é de ferro.
Sóstenes vê no tempo seu maior aliado. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, dada à sua importância na vida do país, não pode dar-se a esse luxo. Pesa contra ele a acusação de ter tentado salvar o Banco Master da falência.
Para isso teria conversado quatro vezes, uma delas pessoalmente, com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. A mulher de Moraes advogou para o Master e recebeu em troca uma fortuna, muito além dos preços normais do mercado.
Desafetos de Moraes no Congresso já começam a falar em Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o Master, e por tabela o casal Moraes. Os mais afoitos, escalam e falam na possível abertura de um processo de impeachment contra Moraes.
Espera-se uma palavra do ministro. Só ele será capaz de apagar o fogo que o ameaça.
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