Centenas de peixes foram encontrados encalhados por moradores na zona rural de Seringueiras (RO), às margens do rio São Francisco, nesta semana. Um vídeo registrando parte do resgate dos animais viralizou nas redes sociais e já ultrapassa 2 milhões de visualizações.
De acordo com o pecuarista Jefferson Cadette, autor das imagens, uma forte chuva fez o rio transbordar e invadir o sítio onde ele mora. Entretanto, o nível baixou rapidamente e os peixes não conseguiram retornar ao curso do rio, ficando presos na área de pastagem. Segundo o morador, essa oscilação é comum nesta época do ano.
Apesar da impressão de que os peixes estariam em processo de reprodução, o biólogo Bruno Barros esclareceu que não se trata de piracema. Ele afirma que o fenômeno segue um ciclo anual específico e que, neste caso, o mais provável é que os animais tenham aproveitado a expansão temporária do ambiente aquático causada pela cheia repentina.
Barros explicou que a maior parte dos peixes resgatados é da espécie traíra (Hoplias malabaricus), muito consumida por comunidades ribeirinhas e rurais. A traíra é um predador típico de rios amazônicos e conhecida por sua alta resistência, capaz de sobreviver até em locais com pouca água, como poças e açudes.
O especialista também identificou exemplares do jejum (Hoplerythrinus unitaeniatus), espécie da mesma família, igualmente adaptada a ambientes quentes e com baixo oxigênio — condições que seriam letais para muitas outras espécies da região.