Um estudo recente indica que grande parte dos pacientes que emagreceram com o medicamento Mounjaro voltou a engordar depois de suspender o tratamento. De acordo com os pesquisadores, 82% dos usuários recuperaram ao menos um quarto do peso eliminado no período de um ano sem o remédio e, quanto maior o reganho, maior também foi a reversão dos avanços obtidos na saúde cardiovascular e metabólica.
O levantamento, divulgado no fim de novembro pela JAMA Network Open, revisitou dados do estudo clínico SURMOUNT-4. Trata-se de uma análise post hoc, na qual cientistas revisem informações de um ensaio já concluído. No total, 308 voluntários participaram da pesquisa, que buscou entender como a interrupção do Mounjaro impacta indicadores como colesterol, pressão arterial e sensibilidade à insulina.
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Foram considerados para essa avaliação apenas indivíduos que utilizaram tirzepatida por 36 semanas e que tiveram uma queda de pelo menos 10% do peso corporal. As informações analisadas foram registradas entre março de 2021 e maio de 2023, com a revisão dos dados ocorrendo entre fevereiro de 2024 e março de 2025.
Os resultados mostram que, ao lado do aumento de peso após o fim do tratamento, houve perda dos benefícios clínicos alcançados durante o uso do remédio. Pessoas que readquiriram três quartos ou mais do peso eliminado perderam quase totalmente os ganhos registrados em índices como colesterol e pressão arterial. Em contrapartida, quem conseguiu manter o emagrecimento continuou apresentando avanços importantes nesses parâmetros — incluindo circunferência abdominal e marcadores de resistência à insulina.
Para os autores, os dados reforçam uma mensagem já conhecida no campo da obesidade: a necessidade de tratamento contínuo e multidisciplinar. Além do uso de medicamentos, entram nesse conjunto alimentação equilibrada, atividade física regular e suporte psicológico.
“A obesidade é uma doença crônica e progressiva que frequentemente requer tratamento de longo prazo. Assim como outras condições crônicas, a terapia deve continuar quando houver indicação médica para a manutenção dos benefícios”, afirma a Eli Lilly em nota enviada à CNN Brasil sobre o estudo.
“Mudanças no estilo de vida – dieta, exercícios e acompanhamento – podem não proporcionar perda de peso suficiente e sustentada para garantir saúde a longo prazo para todas as pessoas. Muitos indivíduos necessitam de diferentes níveis de suporte médico combinados com modificações personalizadas no estilo de vida para alcançar e manter seus objetivos de peso”, completa a nota.