Qualquer pessoa que caminhar pelas cidades brasileiras, se depara com um cenário bastante triste, mas comum no país: animais abandonados nas ruas. Essa realidade é escancarada principalmente nos centros urbanos, onde cães e gatos estão constantemente tentando sobreviver.
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As principais vítimas são os cães (54%) e os filhotes. Esses dados foram apontados pela Pesquisa Cenário de Abandono de Animais, realizada pelo quarto ano consecutivo pelo Cobasi Cuida, ONGs de proteção animal e protetores independentes. A iniciativa tem relação com o Dezembro Verde, campanha que busca conscientizar sobre maus-tratos aos animais.
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Segundo o levantamento, quase 83% dos abandonos acontece em áreas urbanas. Além disso, a maioria dos casos ocorre em vias públicas, o que representa 76,6% das ocorrências. Por outro lado, 6,3% são nas proximidades de estabelecimentos comerciais. Acerca das áreas rurais, o número é de 17,2%.
As vítimas e estratégias
O perfil dos animais que vivem na ruas mostra a relação entre abandono e falta de controle reprodutivo. De acordo com a pesquisa, 31% dos resgates são de filhotes. Infelizmente, sem nenhuma surpresa, 10% dos registros envolvem animais com necessidades especiais ou idosos.
“O abandono está diretamente ligado à falta de informação e de ações preventivas, como a castração. Quando esse cenário se concentra nos centros urbanos, ele pressiona ainda mais as ONGs e protetores, que já operam no limite”, afirma Daniela Bochi, da Cobasi Cuida.
Para enfrentar o abandono e diminuir o número de casos, organizações e protetores adotam algumas medidas. A principal delas é a realização de entrevistas com os interessados em adotar os pets. Além disso, a castração e campanhas educativas são constantemente incentivadas.
De forma estrutural, os profissionais e especialistas acreditam que políticas públicas mais rigorosas são fundamentais. O fortalecimento da fiscalização contra maus-tratos também entra na lista, juntamente com a ampliação das campanhas de castração promovidas pelo governo.
Mais animais em abrigos e lares temporários
Tudo que foi mostrado pelo levantamento tem relação com outros dados apontados pela Pesquisa Transparência dos Dados de Abrigo de Animais, da Medicina de Abrigos Brasil. Os números indicam que no primeiro semestre de 2025, foram registrados 5.325 entradas de cães e gatos em abrigos e lares temporários no país.
Os abrigos privados detêm 84,7% das entradas e quase 90% das saídas dos pet, o que demonstra como esses locais são importantes para enfrentar esse cenário de abandono. Já os lares temporários, obtiveram 11,2% das entradas e 15,8% das saídas. Por último, os abrigos públicos têm participação inferior a 2% em ambos os casos.
“Produzir, apoiar e dar visibilidade a dados consistentes é fundamental para transformar a realidade do abandono animal. Só com informação qualificada é possível fortalecer ações preventivas e ampliar a adoção responsável”, diz.
As adoções são a principal forma de saída (superior a 85%), tanto para cães quanto para gatos. A pesquisa ainda revela que quase 5 milhões de animais estão em situação de vulnerabilidade, com aproximadamente 200 mil deles sendo cuidados por ONGs e protetores. Elevando a comparação a escala global, o Brasil tem por volta de 30 milhões abandonados, o que equivale a um em cada quatro animais em todo o mundo.