O Fantástico deste domingo (30) exibiu imagens que flagraram agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro furtando armas e peças de veículos durante a megaoperação realizada nos Complexos do Alemão e da Penha, em outubro. As irregularidades foram descobertas graças às câmeras corporais utilizadas pelos próprios policiais.
Na última sexta-feira (28), a Corregedoria da PM prendeu cinco agentes envolvidos nos crimes:
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o subtenente Marcelo Luiz do Amaral;
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os sargentos Diogo da Silva Souza, Eduardo de Oliveira Coutinho, Charles William Gomes dos Santos;
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e Marcus Vinícius Ferreira Silva Vieira.
Eles também foram denunciados pelo Ministério Público por peculato — quando um servidor público se apropria de bens apreendidos — e por obstrução das imagens das câmeras, já que vários agentes tentaram encobrir o que faziam durante a operação.
“Além disso, vários policiais obstruem a imagem da COP. Esse crime também é denunciado por recusa de obediência”, afirmou a promotora Allana Poubel, do MP-RJ.
Fuzil AK-47 escondido em mochila
Em um dos vídeos exibidos pelo Fantástico, o sargento Marcus Vinícius encontra um fuzil AK-47, com cabo de madeira envernizada, na cozinha de uma casa usada por traficantes. Ele e o sargento Charles William escondem a arma dentro de uma mochila.
O detalhe que chamou atenção: nenhum fuzil desse tipo havia sido registrado entre as armas apreendidas na operação.
“F***, fecha de qualquer jeito**”, diz um dos agentes ao guardar o armamento.
Retrovisores e tampa do motor também foram furtados
As imagens mostram ainda policiais retirando retrovisores, tampa do motor e outras peças de uma caminhonete encontrada na comunidade. Os itens foram colocados dentro da viatura.
“Aqui uma pecinha que eu preciso”, comenta um agente, em vídeo mostrado pelo programa.
Policial do BOPE escolhe equipamentos para levar
A corregedoria também identificou um policial do BOPE selecionando equipamentos como colete e rádio, aparentemente para levar consigo.
Outro sargento, Diogo da Silva Souza, é acusado de se apropriar de um fuzil encontrado após troca de tiros o armamento não foi entregue na central de custódia.
A defesa de Diogo alegou falta de fundamentação jurídica e afirmou que as imagens exibidas ainda precisam passar por perícia. O Fantástico não conseguiu contato com os demais acusados.
Processos administrativos e investigação continuam
A Polícia Militar do Rio informou que todos os agentes responderão a processo administrativo disciplinar, além das ações judiciais a que já respondem.
As investigações seguem em andamento para identificar se outros policiais também cometeram irregularidades durante a operação.
Segundo a porta-voz da corporação, Claudia Moraes, o uso das câmeras corporais será essencial para separar o comportamento ético do ilegal:
“A imagem também vai servir para proteger o bom policial e expor o mau comportamento”, destacou.
Com informações Fantástico