O final do ano é um momento de festas e também aquele em que, geralmente, provas de concursos, vestibulares e avaliações de profissionais são realizadas. Em outubro, aconteceram dois exames importantes na área da saúde: o Revalida, que avalia médicos formados no exterior para que possam atuar legalmente no Brasil, e o Enamed, que avalia o desempenho de estudantes de Medicina no país ou é utilizado como seleção para programas de residência. Os gabaritos das duas provas foram divulgados na última sexta-feira (12/12). Porém, um problema ocorreu: questões exatamente iguais às aplicadas no Enamed foram anuladas apenas em uma das provas, o que teria impactado de forma decisiva o resultado final dos candidatos ao Revalida.
Uma fonte do portal LeoDias procurou a reportagem para relatar que se sentiu diretamente prejudicada na mais recente edição do exame. Segundo o médico Phedro Henrique Miranda, o Enamed e o Revalida foram aplicados no mesmo dia, pela mesma banca organizadora, e compartilharam dezenas de questões idênticas. A diferença na correção, de acordo com ele, foi suficiente para impedir a aprovação de candidatos que ficaram a poucos pontos da nota mínima exigida. “Não passei por causa de duas questões, e essas que não foram anuladas na minha prova me dariam o direito de passar”, afirmou a fonte, que investiu anos de estudo e recursos financeiros na preparação para o exame.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Questão 2 anulada no Enamed e preservada no RevalidaDivulgação: Inep Questão 10 anulada no Enamed e preservada no RevalidaDivulgação: Inep Questão 40 anulada no Enamed e preservada no RevalidaDivulgação: Inep Ofício ao Inep protocolado pelo senador Alan Rick (Republicanos/AC)Reprodução: Instagram/@alanrickm Anúncio para as provas de 2025 do EnamedReprodução: Instagram/@inep_oficial
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A polêmica ganhou força nas redes sociais após a publicação dos gabaritos oficiais. Candidatos passaram a questionar o critério adotado pelo Inep, alegando falta de isonomia no tratamento de provas com conteúdos idênticos.
O Inep chegou a informar que uma das questões foi anulada no Enamed por apresentar divergência de texto entre diferentes cadernos da prova, situação que não teria ocorrido no Revalida. Já outros itens, embora corretos, teriam sido excluídos do Enamed por ajustes técnicos ligados à Teoria de Resposta ao Item (TRI), modelo estatístico utilizado no exame.
O Revalida, por sua vez, não utiliza a TRI, mas sim a chamada teoria clássica dos testes, em que a nota final corresponde à soma direta de acertos. Por esse motivo, segundo o órgão, não haveria base técnica para anular as mesmas questões.
Apesar da explicação oficial, candidatos ao Revalida afirmam que o critério adotado é injusto. A fonte ouvida pelo portal LeoDias contou que grupos de participantes já formalizaram denúncias na Controladoria-Geral da União (CGU) e buscam apoio político para pressionar por uma revisão da decisão. Um dossiê com comparações entre as provas e argumentos técnicos estaria em elaboração e circulando no Congresso Nacional pelo senador Alan Rick (Republicanos/AC). O próprio parlamentar compartilhou em suas redes sociais que recebeu muitas mensagens de candidatos relatando a situação e que encaminhou um ofício ao presidente do Inep, Manuel Fernando, solicitando tratamento isonômico.
Para quem tenta validar o diploma obtido no exterior, o Revalida é a única porta de entrada para o exercício da Medicina no Brasil. Diferentemente do Enamed, não há disputa por vagas: todos os que atingem a nota mínima seguem no processo. Por isso, candidatos argumentam que a manutenção das questões pode ter impedido injustamente a progressão de profissionais que cumpriam os requisitos.
O portal LeoDias buscou contato com o Inep e com o senador Alan Rick (Republicanos/AC) para saber se há atualizações da situação. O senador confirmou que procurou o instituto por ligação nesta última quinta-feira (18/12), mas sem sucesso. Quanto ao Inep, até a publicação desta matéria, não houve retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos.