Com o Rio Acre acima dos 15 metros e fora do padrão esperado para o mês de dezembro, o risco de doenças transmitidas pela água contaminada aumenta em Rio Branco e em outras regiões do estado. Segundo especialistas, o contato com águas de enchentes pode provocar infecções graves, como leptospirose, hepatite A e diarreias, que em alguns casos podem levar à morte.
Em entrevista à Rede Amazônica Acre, o médico infectologista Eduardo Farias explicou que, durante períodos de cheias, a população precisa redobrar os cuidados, principalmente quem tem contato direto com a água de rios e igarapés que transbordam.
Atualmente, mais de 20 mil pessoas já foram afetadas pela cheia do Rio Acre na capital. Em outros municípios do estado, moradores também enfrentam transtornos causados pela elevação de rios e cursos d’água.
“O alerta é para que qualquer pessoa que tenha tido contato com essas águas e apresente sintomas fora do normal procure imediatamente uma unidade de saúde. É fundamental ter cuidado, principalmente com os pés, que costumam ficar mais expostos”, destacou o infectologista.
O médico também chamou atenção para um comportamento comum durante as cheias: crianças e adolescentes entrarem na água para nadar ou mergulhar. Segundo ele, essa prática deve ser evitada.
“Essas águas estão contaminadas porque acabam passando por lixeiras, esgotos e até fossas sépticas. Isso favorece a presença de bactérias e o surgimento de doenças como leptospirose, hepatite A e infecções intestinais”, explicou.
Uso da água exige atenção redobrada
Outro risco apontado pelo especialista é o uso da água da enchente para atividades do dia a dia, como higiene pessoal ou preparo de alimentos.
“A água utilizada para escovar os dentes, cozinhar ou lavar alimentos precisa ser limpa e de qualidade. O uso de água contaminada aumenta muito o risco de doenças”, alertou Farias.
Os cuidados devem ser ainda maiores entre pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças, pacientes em tratamento contra o câncer e pessoas com doenças crônicas, a exemplo de problemas renais e cardíacos. “Nesses casos, nenhum sintoma deve ser ignorado”, reforçou.
Durante enchentes e inundações, a urina de ratos, presente em esgotos e bueiros, se mistura à água e à lama. Qualquer pessoa que tenha contato com essa água contaminada pode ser infectada.
A bactéria entra no organismo principalmente pela pele, sobretudo quando há ferimentos, cortes ou arranhões.
Principais sintomas
Os sintomas da leptospirose costumam se parecer com os de uma gripe. Entre os mais comuns estão febre, dor de cabeça, dores no corpo — especialmente nas panturrilhas — e, em casos mais graves, icterícia, que é o amarelamento da pele e dos olhos.
A orientação das autoridades de saúde é evitar o contato com águas de enchente sempre que possível e procurar atendimento médico ao menor sinal de sintomas.