A bênção do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao filho e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) não retirou, até então, nomes da direita do rol de pré-candidatos à Presidência. O grupo chega a 2026 dividido, com ao menos cinco lideranças políticas assumindo oficialmente a intenção de concorrer ao Planalto, e com a figura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) como peça oculta desse xadrez político.
Além de Flávio, são pré-candidatos os governadores:
- Eduardo Leite (PSD-RS)
- Ratinho Júnior (PSD-PR)
- Ronaldo Caiado (União-GO)
- Romeu Zema (Novo-MG)
Os quatro mantiveram as pré-candidaturas à Presidência da República. A dúvida para 2026 é a postura que cada um terá com relação a Flávio, ungido por Bolsonaro como candidato, e com os demais adversários.
Nessa quinta-feira (25/12), Flávio tornou pública uma carta escrita e assinada pelo pai, que segue internado após cirurgia, na qual Bolsonaro confirmou a indicação do filho como seu pré-candidato à Presidência.
“Ao longo da minha vida tenho enfrentado duras batalhas, pagando um preço alto, com minha saúde e família, para defender aquilo que acredito ser o melhor para o nosso Brasil”, iniciou Bolsonaro. “Diante desse cenário de injustiça, e com o compromisso de não permitir que a vontade popular seja silenciada, tomo a decisão de indicar o Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência da República em 2026”, escreveu.
Temor nos bastidores e tendência de afunilamento
Nos bastidores, figuras da direita e do Centrão que querem derrotar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) temem que a divisão leve a embates internos em plena campanha, facilitando a concretização do favoritismo do petista, que disputa a reeleição. Mas as chances de uma união são pequenas, dizem caciques.
Questionado nessa quinta sobre a relação com Tarcísio de Freitas, um dos nomes mais cotados para enfrentar Lula, até então, Flávio Bolsonaro ponderou pela união. “Apesar de muita gente tentar nos desunir e separar, isso não vai acontecer. A gente vai estar junto, mais junto do que nunca. E a gente junto é imbatível, vamos com tudo”, declarou.
Flávio fala com a imprensa
Luis Nova/Metrópoles
Ronaldo Caiado
Aline Massuca/Especial Metrópoles
Ratinho Junior acusa Lula de tentar “roubar” crédito por obra
Alan Santos / PR
Governador de Minas Gerais Romeu Zema (NOVO)
Kebec Nogueira/Metrópoles
Eduardo Leite recebeu apoio de mais dois partidos
Mauricio Tonetto/Divulgação
O governador Tarcísio de Freitas
Celso Silva/Governo de São Paulo
Um afunilamento de candidaturas da direita será natural. O PSD de Gilberto Kassab, se vencer as divisões internas e manter a ideia de lançar candidato próprio, precisará no mínimo decidir entre Eduardo Leite e Ratinho Júnior, com ampla vantagem de apoio interno ao governador do Paraná.
Romeu Zema, que tem baixa performance nas pesquisas e um partido sem poderio financeiro para facilitar a nacionalização do seu nome, também tem presença incerta nas urnas. Oficialmente, o governador de Minas Gerais afirmou, após o lançamento oficial da pré-candidatura de Flávio, que manteria seu plano de concorrer ao Planalto.
Leia também
-
“Prefiro Flávio a Tarcísio um milhão de vezes”, diz Ciro Nogueira
-
Tarcísio joga a toalha e estende o tapete à passagem de Flávio
-
Flávio Bolsonaro agradece apoio de Tarcísio: “A esquerda treme”
-
Flávio Bolsonaro se manifesta sobre cassação de Eduardo e Ramagem
Ronaldo Caiado tem a candidatura encaminhada. Apesar de pontuar entre 2% e 4% nos cenários testados pela pesquisa Quaest divulgada no dia 16/12, o governador de Goiás deve chegar às urnas. Ele é do União Brasil, partido que tende a repetir a estratégia adotada em 2022, lançando um candidato próprio no primeiro turno e liberando apoio no segundo, caso seu nome não prospere.
Como mostrou o Metrópoles, na coluna de Igor Gadelha, Caiado chegou a conversar com Flávio. O governador afirmou ter respeito pelo filho do ex-presidente, mas ressaltou que manteria sua pré-candidatura e que os dois estariam juntos no segundo turno, cenário improvável pelo desenho das pesquisas eleitorais.
Lula e Tarcísio
Todo esse cenário, porém, pode mudar com duas peças. A primeira é o presidente Lula. Aliados e adversários assumem que se o presidente chegar no segundo trimestre do ano que vem com bons números nas pesquisas, poucos pré-candidatos arriscarão ficar sem mandato a partir de 2026 e podem tentar concorrer a outros cargos.
Se Lula estiver mal em março, aliados defendem que Tarcísio de Freitas abandone a reeleição em São Paulo e concorra ao Planalto. Favorito do Centrão, ele é considerado como o único com poder para forçar a desistência dos demais adversários. Oficialmente, o governador apoia a candidatura de Flávio.