O início de um novo ano costuma vir acompanhado de listas de resoluções ambiciosas. No entanto, para muitos, a motivação dura pouco. Segundo especialistas ouvidas pelo Metrópoles, o problema não está na falta de disciplina, mas na forma como as metas são definidas e conduzidas ao longo do tempo.
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A psicóloga Camila Ribeiro explica que um dos principais obstáculos é acreditar que a mudança depende apenas de força de vontade. “As pessoas começam o ano emocionalmente sobrecarregadas, mas se cobram como se estivessem com energia total”, afirma. Outro ponto crítico é a desconexão emocional com os objetivos. Metas baseadas em comparações ou pressão social tendem a não se sustentar, pois não fazem sentido para a história de quem as estabelece.
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Camila destaca ainda que o padrão de autocrítica excessiva contribui para a desistência precoce. “Um pequeno deslize já é interpretado como fracasso total, o que gera culpa e frustração”, diz. Para ela, não se trata de indisciplina, mas de um sistema emocional em sobrecarga.
A médica e psicóloga Lidiane Silva concorda e acrescenta que metas muito ambiciosas ativam o sistema de estresse do cérebro. “Isso aumenta a ansiedade e a sensação de fracasso logo no início”, explica. Segundo ela, há também a crença equivocada de que a motivação será constante, quando, na prática, ela oscila. Sem um plano comportamental estruturado, a tendência é abandonar o objetivo.
Estratégias simples para cumprir as metas
Para evitar esse cenário, as especialistas defendem estratégias simples e consistentes. Camila sugere começar “ridiculamente pequeno”, apostando em metas fáceis de cumprir no início. “Cinco minutos de caminhada por dia geram pequenas vitórias que liberam dopamina e reforçam o comportamento”, exemplifica. Ela também recomenda associar a nova meta a hábitos já existentes e usar acompanhamentos visuais, como marcar um calendário, para manter o engajamento.
Lidiane reforça a importância de focar em metas de processo, ligadas a comportamentos diários controláveis, em vez de apenas resultados finais. Dividir objetivos em etapas menores e planejar como lidar com falhas ajuda a reduzir o perfeccionismo e o pensamento “tudo ou nada”. “Recaídas fazem parte do processo de mudança”, ressalta.
Na hora de definir objetivos, ambas destacam a necessidade de realismo. Metas sustentáveis são aquelas que respeitam a rotina, o momento de vida e os recursos emocionais disponíveis. “A meta precisa conversar com quem a pessoa é hoje, não com quem ela idealiza ser”, afirma Camila. Já Lidiane chama atenção para o custo psicológico das mudanças: objetivos muito radicais tendem a gerar sobrecarga, enquanto metas viáveis promovem continuidade.
Para as especialistas, cumprir metas não significa se transformar em outra pessoa, mas aprender a funcionar melhor dentro da própria realidade, com mais consistência e menos cobrança excessiva.