Em Sena Madureira, disputa entre postos revela que havia margem para reduzir o preço

Bastou um posto baixar o preço do combustível para 5,99 na última Segunda (29) para que outro imediatamente fizesse o mesmo reduzindo seu preço para 5,98 (1 centavo ainda mais barato). Em poucas horas, o que parecia impossível virou realidade: gasolina e diesel mais baratos em Sena Madureira. O episódio, por si só, escancara uma verdade que o consumidor já suspeitava há muito tempo — dá, sim, para vender combustível mais barato.

A pergunta que fica não é técnica, é moral: se é possível reduzir o preço para mostrar força diante da concorrência, por que não é possível reduzir em respeito à população?
Por que o alívio no bolso do cidadão só acontece quando há disputa entre empresas, e não como política permanente de respeito ao consumidor?

O argumento de que “não dá para baixar mais” cai por terra quando, mesmo com a redução, os postos continuam operando, vendendo e lucrando. Isso mostra que o preço anterior não era apenas resultado de custos, mas também de uma lógica confortável de mercado, onde todos ganham — menos quem abastece.

O que Sena Madureira assistiu não foi um gesto de empatia ou compromisso social. Foi uma guerra de oligarquias econômicas, uma disputa de poder entre grupos que controlam um serviço essencial e que só se movimentam quando seus próprios interesses são ameaçados. A população, mais uma vez, entra apenas como plateia — ou como moeda de troca.

Combustível não é luxo. Ele impacta diretamente o preço do transporte, do alimento, do gás, da passagem, do frete, do serviço. Quando o combustível sobe, tudo sobe. Quando ele poderia baixar e não baixa, o custo de vida segue artificialmente elevado, pressionando famílias que já vivem no limite.

A concorrência, quando existe de verdade, é saudável. Mas o que se viu foi algo diferente: uma redução pontual, estratégica, quase teatral, que revela o quanto o consumidor esteve refém de acordos silenciosos e de uma lógica que prioriza o lucro máximo, não o equilíbrio social.

Fica, portanto, o convite à reflexão: se dá para baixar hoje, por que não ontem? E por que não amanhã?
Respeitar o consumidor não deveria ser uma exceção em tempos de disputa, mas uma regra permanente de quem lucra com um serviço essencial.

Enquanto isso não muda, Sena Madureira segue assistindo a embates entre grandes interesses, esperando que, em algum momento, o bem-estar da população deixe de ser apenas um efeito colateral da concorrência e passe a ser prioridade.

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