Durante entrevista à LeoDiasTV, nesta segunda-feira (15/12), o senador Flávio Bolsonaro (PL) apresentou sua versão sobre os acontecimentos que sucederam o resultado das eleições presidenciais de 2022 e os atos de 8 de janeiro de 2023. Ao comentar a transição de governo, o parlamentar afirmou que o então presidente Jair Bolsonaro adotou medidas que, segundo ele, contradizem a narrativa de tentativa de golpe de Estado e defendeu que o ex-chefe do Executivo foi prejudicado ao longo de todo o processo.
Flávio Bolsonaro afirmou que a transição entre os governos ocorreu sem ruptura institucional e destacou decisões tomadas por Jair Bolsonaro ainda no exercício do cargo. “Ele faz uma transição pacífica para outro governo. Ele nomeou um comandante do Exército escolhido pelo Lula. Como alguém quer dar um golpe e coloca o comandante do próprio ‘inimigo’ no governo dele ainda?”, disse o senador.
Veja as fotosAbrir em tela cheia Jair e Flávio Bolsonaro em passeataFoto: Edilson Dantas /Agência O Globo Flávio Bolsonaro (PL/RJ) sobre anistiaReprodução: YouTube/Itatiaia Entrevista de Leo Dias com Jair Bolsonaro em fevereiro de 2025Reprodução: YouTube/LeoDias TV
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Na sequência, ele mencionou uma transmissão ao vivo feita por Jair Bolsonaro antes de deixar o país, ressaltando o conteúdo da mensagem direcionada aos apoiadores. “Ele faz uma live dia 30 de dezembro antes de ir para os Estados Unidos falando pro pessoal: ‘olha, tira isso da cabeça. Não tem tudo ou nada. O mundo não vai acabar dia primeiro de janeiro. Vamos continuar fazendo nossa parte. Não vamos nos igualar ao PT. A gente é contra depredação de patrimônio público, de fechar rodovia’, ele fala…”, afirmou.
Ao tratar especificamente da narrativa de tentativa de golpe associada aos atos de 8 de janeiro, Flávio Bolsonaro disse não enxergar elementos que sustentem essa tese e ressaltou que Jair Bolsonaro já não exercia a Presidência naquele momento. “E o golpe, a narrativa de golpe é colocada como se ele estivesse querendo criar um caos no estado pra depois fazer alguma espécie de intervenção ao estado de sítio, estado de defesa… ele nem era mais presidente”, declarou.
O senador também levantou a hipótese de infiltração de agentes ligados ao atual governo nos atos daquele dia e citou deslocamentos e declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Na minha cabeça, acho que foram alguns infiltrados do próprio governo Lula que fizeram isso. O Lula não trabalha domingo. Dia 8 de janeiro foi um domingo. E ele resolve do nada pegar um avião do nada de sábado pra domingo, pra ir em Araraqura, aqui em São Paulo, pra ver como tinha sido os estragos de uma forte chuva que tinha acontecido 10 dias antes”, afirmou.
Flávio Bolsonaro questionou ainda a responsabilidade pela segurança dos prédios públicos e mencionou declarações feitas após os atos. “O Lula fala: ‘quem é que facilitou a entrada das pessoas no Palácio Guanabara?’ Bom, quem tinha a chave não era mais o governo Bolsonaro, quem tinha as chaves era o pessoal do governo Lula”, disse.
No relato, o senador citou o então ministro da Defesa e mencionou manifestações em frente a instalações militares. “O ministro da Defesa do Lula falou que tinha familiares dele nas portas de quarteis também”, acrescentou.
Ao abordar o processo eleitoral, Flávio Bolsonaro atribuiu a insatisfação popular à condução das eleições pelo Tribunal Superior Eleitoral. “Porque o processo eleitoral é que foi mal conduzido pelo Alexandre de Moraes. A revolta das pessoas foi pela forma como a eleição foi desequilibrada pela atuação do TSE”, afirmou.
Por fim, o parlamentar concluiu que, a partir da análise dos fatos, Jair Bolsonaro teria sido prejudicado e segue sendo, em sua avaliação, o principal atingido pelo desdobramento institucional do caso. “Então você vai juntando as peças do quebra cabeça, e na verdade o Bolsonaro foi uma vítima e continua sendo a maior vítima de todo esse processo. Porque golpe é uma coisa impossível de se sustentar. É impossível que esse contexto que aconteceu resultasse em uma ruptura do estado democrático de direito. O Brasil chegou a um ponto em que o próprio Judiciário está caindo em descrédito, o que é muito ruim para a democracia.”