Sete anos depois de ocupar a pequena mesa mais famosa da música em Washington D.C., Liniker voltou a sentir a vibração de um Tiny Desk. Mas, desta vez, no Brasil. O reencontro da artista com o formato — agora consagrada, premiada e no auge da potência artística — transformou o décimo episódio do Tiny Desk Brasil em um dos momentos mais simbólicos de sua trajetória recente. Assim que entrou no escritório onde a gravação aconteceu, ela mesma entregou a memória que lhe atravessou: “Eu tava lá, sete anos atrás, vivendo aquele sonho que eu nunca imaginei que fosse realizar.”
Em 2018, aos 23 anos, acompanhada d’Os Caramelows, Liniker apresentou três canções no programa original da NPR — entre elas, a então inédita “Calmô”. Era a primeira vez que muitos ouvidos do Brasil reconheciam aquela voz aveludada e incisiva, capaz de unir doçura a uma presença arrebatadora. Agora, em carreira solo e num momento de enorme projeção, a artista retorna ao formato com outra perspectiva: mais madura, mais forte e com um repertório que reflete a avalanche afetiva e estética de Caju, seu aclamado segundo álbum-solo.
A gravação do Tiny Desk Brasil chega justamente após o ano em que Liniker acumulou sete indicações ao Grammy Latino 2025 e levou três prêmios, incluindo Melhor Interpretação Urbana, Melhor Álbum de Pop Contemporâneo e Melhor Canção em Língua Portuguesa. Não à toa, há um brilho especial em sua fala quando ela comenta a experiência de cantar em um ambiente tão mínimo após meses de palcos gigantescos.
“É essa experiência de sair do que já está amplificado, do som do show e dos festivais. Aqui, o som é reduzido, a gente tá olhando no olho. É tocar pro ouvido.”
O formato intimista abriu espaço para que ela costurasse canções como “Papo de Edredom”, “Caju” e “Presente” com a estreia mundial de “Charme”, faixa inédita apresentada pela primeira vez ao público — repetindo o gesto da jovem Liniker de 2018, que também usou o Tiny Desk para lançar uma música nova. “É um presente mesmo… ela tá recentíssima”, disse, sorrindo, enquanto introduzia a canção.
Para dar corpo ao encontro, Liniker levou a banda completa: Vitor Arantes (teclados), Ana Karina Sebastião (baixo), Mackson Kennedy (guitarra), Thiaguinho Silva (bateria), Bira Junior (sax e flauta), Felipe Aires (trompete) e Ed Trombone (trombone), além dos backing vocals Thais Araújo, Lucas Samuel, Paulo Zuckini e Ingrid Valentine. Uma pequena constelação de músicos, encaixada milimetricamente naquele cenário apertado, numa configuração que só reforçou o caráter de experimento emocional do Tiny Desk.
Leia também
-
Poesia da vulnerabilidade: Liniker e o medo da solidão
-
Estrutura de Caju: conheça os quatro atos que Liniker traz a Brasília
-
Do soul “senhoril” ao pagode pop: Liniker reescreve juventude em Caju
-
O laço forte de amizade entre Liniker e Linn da Quebrada
E, como sempre, Liniker brilhou na comunhão. O olhar entre uma estrofe e outra, a alegria calma de quem canta para poucos como se cantasse para muitos. “Não tem coisa mais bonita do que ver alguém genuinamente com os olhos d’água porque se identifica com aquela canção”, disse ela após a gravação.
E agora, após um ano de viagens, prêmios, palcos lotados e sucessos que atravessaram fronteiras, Liniker se prepara para um momento igualmente especial: subir ao palco do Festival Estilo Brasil no dia 14 de dezembro, em Brasília — o último show da Caju Tour em 2025, antes de entrar em merecidas férias. Uma despedida temporária de um ciclo brilhante, celebrada justamente quando ela revisita suas raízes intimistas no Tiny Desk.
O Festival Estilo Brasil é apresentado pelo Banco do Brasil Estilo, com patrocínio do governo federal e dos cartões BB Visa, e realização do Metrópoles, com produção da Oh! Artes.
Programação
Caetano Veloso
11 de dezembro
Liniker
14 de dezembro
Festival Estilo Brasil
Local: Ulysses Centro de Convenções
Ingressos: Bilheteria Digital