Ao não assinar o documento que pede a libertação de prisioneiros políticos na Venezuela, o presidente Lula sinaliza um posicionamento firme em relação ao regime de Nicolás Maduro e, ao mesmo tempo, faz um gesto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao evitar envolvimento público em temas sensíveis do Caribe, especialmente relacionados ao governo venezuelano.
Integrantes do Itamaraty relataram à coluna que a decisão funciona como “um recado duro” a Caracas e, simultaneamente, como um “aceno” a Washington. Segundo um representante do alto escalão do Ministério das Relações Exteriores, “não é do interesse do Brasil avançar nesse debate além do que já foi estabelecido”.
Ministro Alexandre de Moraes, do STF
Reprodução/TV Justiça
Presidente Lula durante reunião ministerial na Residência Oficial da Granja do Torto
Ricardo Stuckert / PR
Donald Trump
Justin Lane – Pool/Getty Images
Nos bastidores do Palácio do Planalto, a avaliação é que o movimento foi cuidadosamente calculado para reduzir riscos diplomáticos em um momento de reacomodação do cenário internacional. Esse reposicionamento ocorre em meio à retomada das tratativas entre Brasil e Estados Unidos, que já resultou na retirada de sanções da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes (STF) e na suspensão de tarifas.
Auxiliares presidenciais ponderam que um posicionamento público mais enfático sobre a Venezuela poderia gerar desgastes desnecessários e afetar outras agendas consideradas prioritárias da política externa.
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No Itamaraty, o entendimento é semelhante. Diplomatas afirmam que Lula optou por preservar margem de manobra nas relações regionais, evitando sinais que pudessem ser interpretados como alinhamento automático ao governo Maduro ou como confronto direto com os Estados Unidos. A estratégia, segundo relatos, é manter canais abertos e atuar de forma discreta, sem protagonismo público no tema.