Moraes teria procurado presidente do Banco Central em favor do Banco Master; caso levanta questionamentos

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, teria mantido ao menos quatro contatos com o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em 2025, para tratar da situação do Banco Master, instituição que foi alvo de investigação da Polícia Federal e liquidada extrajudicialmente em novembro. A informação foi publicada nesta segunda-feira porcolunistas que tiveram acesso a relatos e fontes no meio político e financeiro.

Segundo a reportagem, os contatos teriam ocorrido — três por telefone e um presencial — com o objetivo, segundo interlocutores, de obter informações sobre o andamento de negociações envolvendo o banco controlado por Daniel Vorcaro, preso pela Polícia Federal no âmbito da Operação Compliance Zero.

O que dizem os relatos

Em conversas com Galípolo, Moraes teria defendido que o Banco Master enfrentava resistência de grandes instituições financeiras e solicitado providências do Banco Central relativas à aprovação de uma operação de venda do banco ao Banco de Brasília (BRB) — negócio que estava pendente de autorização da autarquia desde março e que só poderia avançar com aval do regulador monetário.

Em resposta, Galípolo teria informado que técnicos do BC identificaram indícios de fraude no repasse de cerca de R$ 12,2 bilhões em créditos do Master ao BRB, contexto que, segundo os relatos, levou Moraes a reconhecer que, confirmadas as irregularidades, a operação não poderia ser aprovada.

Contrato milionário da esposa

A reportagem também cita que o escritório de advocacia de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro, mantinha um contrato com o Banco Master que previa a prestação de serviços jurídicos e consultoria ao banco, com valores estimados em aproximadamente R$ 129 milhões ao longo de três anos — um contrato localizado pela Polícia Federal durante a investigação.

Repercussão e silêncio oficial

Nem Moraes nem Galípolo emitiram notas públicas sobre os contatos com relação ao Banco Master. O Banco Central informou, por meio de interlocutores, que ainda não divulgará posição formal sobre os diálogos com o ministro e que, de acordo com a autoridade, as conversas trataram de temas variados e não constituíram pressão para interferir nas decisões do BC sobre o banco.

Enquanto isso, a opinião pública e atores políticos repercutem o episódio, gerando pedidos de esclarecimento e debates sobre possível conflito de interesse, dada a ligação profissional da esposa de Moraes com a instituição financeira investigada.

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