A ideia de que suar ajuda a curar a ressaca é popular, sobretudo depois das festas de fim de ano. Mas ela não passa de um mito. Quem faz o trabalho pesado de lidar com o álcool é o fígado, não a pele. É ele que metaboliza o álcool e transforma seus subprodutos em substâncias que serão eliminadas pela urina e pelas fezes. Suar — seja correndo, seja na sauna — não reduz toxinas nem baixa o nível de álcool no sangue.
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O que a ciência diz
Segundo a médica Ana Carolina Miranda, o organismo metaboliza o álcool em um ritmo relativamente fixo. Não existe atalho para acelerar esse processo. A transpiração tem outra função: regular a temperatura corporal. Ainda que o suor possa conter quantidades mínimas de resíduos metabólicos, ele não é um mecanismo de desintoxicação.
Então por que exercício e sauna “parecem” ajudar? Porque eles aliviam sintomas, não porque eliminam o álcool.
“Um dos maiores problemas do álcool é a desidratação, e passar muito tempo em saunas, no sol, ou se exercitando após o consumo de bebidas, pode piorar esse quadro”, afirma a médica.
Atividades físicas leves e calor controlado:
- Aumentam a liberação de endorfinas (sensação de bem-estar);
- Reduzem o cortisol, hormônio ligado ao estresse e à ansiedade;
- Nelhoram a circulação;
- Relaxam a musculatura;
- Ativam o sistema nervoso ligado ao “descanso e digestão”.
O problema é que álcool já causa desidratação — e suar aumenta ainda mais a perda de líquidos. Por isso, se a pessoa decidir se exercitar estando de ressaca, hidratar-se bem é essencial.
O que realmente ajuda a aliviar a ressaca
Apesar de não existir uma “cura”, algumas medidas comprovadamente reduzem o desconforto:
Alimentação saudável é um aliado indispensável
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É importante cuidar do sono
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Hidratação é o que mais ajuda no alívio dos sintomas
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Atenção aos analgésicos
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Evitar exposição excessiva ao sol
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- Hidrate-se
O álcool é diurético. Água ajuda e bebidas esportivas podem ser úteis por reporem eletrólitos e um pouco de açúcar.
- Coma antes e depois de beber
Alimentar-se desacelera a absorção do álcool. Proteínas e fibras ajudam, e pular refeições piora os sintomas no dia seguinte. A médica orienta a realizar refeições leves antes, durante e após a ingesta de bebidas alcóolicas.
- Priorize o sono
O álcool prejudica a qualidade do sono, especialmente o sono REM. Dormir mal intensifica dor de cabeça, náusea e dificuldade de concentração.
- Vitamina B6 pode ajudar
Ela não cura a ressaca, porém, pode reduzir sintomas. Está presente em aves, peixes, fígado, batata e frutas não cítricas.
- Analgésicos com cautela
Anti-inflamatórios como ibuprofeno ou aspirina podem aliviar dor e inflamação. Evite paracetamol (acetaminofeno), pois ele sobrecarrega o fígado quando combinado ao álcool e pode causar lesões hepáticas.
O que evitar quando se está de ressaca
Dirigir ou operar máquinas: reflexos e tomada de decisão podem permanecer prejudicados por até 16 horas, mesmo após o álcool sair do sangue.
“Beber para curar”: embora pareça aliviar momentaneamente, reforça um padrão de consumo problemático.
Exagerar na cafeína: pode piorar náusea, tremores e irritação gástrica.
Mitos comuns sobre ressaca desvendados
“Álcool ajuda a dormir” → Falso.
Ele induz sonolência, mas piora a qualidade do sono.
“Café cura ressaca” → Parcialmente falso.
Pode despertar, mas agrava sintomas gastrointestinais.
“Se estou só de ressaca, posso dirigir” → Falso.
O prejuízo cognitivo persiste.
“Ressaca frequente não é problema” → Atenção.
Ressacas repetidas podem indicar uma relação nociva com o álcool.
Verdades que fazem sentido
Bebidas escuras dão ressacas piores: conhaque, vinho tinto e tequila têm mais congêneres, substâncias que intensificam os sintomas. Vodca e gim tendem a causar menos ressaca. Comida salgada e gordurosa ajuda: retarda a absorção do álcool, repõe eletrólitos e fornece vitamina B6.
Ou seja, você não pode suar toxinas nem “acelerar” a eliminação do álcool.
“O que ajuda é hidratação, alimentação, sono e evitar alimentos gordurosos. Exercício e sauna até podem melhorar o humor e aliviar a tensão, desde que feitos com moderação e muita água”, finaliza Ana Carolina.
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