O especial de “Beleza Fatal” que a HBO Max lançou nesta segunda-feira, dia 15, funciona antes de tudo como uma celebração justa de um dos maiores acertos da dramaturgia brasileira no ano. Não é exagero dizer que a novela virou fenômeno, furou bolhas e recolocou a conversa sobre folhetim adulto, bem escrito e bem produzido no centro do debate. O especial parte desse reconhecimento e não tenta disfarçar isso: há, sim, muita rasgação de seda entre o autor Raphael Montes, a diretora Maria de Médicis e o elenco, todos claramente orgulhosos do resultado final.
Mas o mérito do programa está em não se limitar aos elogios protocolares. O especial acerta ao abrir espaço generoso para os bastidores, que é exatamente o que o público mais curioso quer ver. Há cenas mostradas de outros ângulos, erros de gravação, imagens de bastidores, momentos inéditos e comentários que ajudam a entender como determinadas sequências foram pensadas e executadas. Para quem gosta de dramaturgia, de roteiro e de processo criativo, é um prato cheio. Não é só um “making of” básico, é um conteúdo que amplia a experiência da obra.
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Esse cuidado transforma o especial em algo completo. Ele conversa tanto com o espectador que se envolveu emocionalmente com a história quanto com quem gosta de observar a engrenagem por trás da ficção. É um produto que valoriza o trabalho artístico, humaniza a equipe e reforça a ideia de que “Beleza Fatal” não foi um sucesso por acaso, mas resultado de planejamento, risco criativo e muita troca entre autor, direção e elenco.
Fica também uma provocação inevitável. A Globo, maior produtora de novelas do país e dona de um acervo histórico impressionante, poderia olhar com mais atenção para esse modelo. Grandes fenômenos, novelas antológicas ou datas comemorativas pedem encontros assim, que revisitem obras, revelem bastidores e valorizem quem fez história. A HBO Max mostra que existe público para isso. E quando o conteúdo é bem pensado, como foi nesse especial, ele não só celebra o passado recente como ajuda a fortalecer o futuro da dramaturgia brasileira.