Praia, nem pensar: “Gosto de São Paulo vazia no fim do ano”

Praia, nem pensar: “Gosto de São Paulo vazia no fim do ano”

O fim de ano é encarado por muitos como o momento de fazer as malas e deixar a loucura de São Paulo para trás. Dá-lhe arrumar as malas, procurar passagens ou preparar o carro para viagens que, invariavelmente, terminam na praia.

Tem gente, porém, que faz outros planos: esperar quietinho que todo mundo vá embora para curtir a cidade vazia.

A analista de RH Acácia Soares, 45 anos, já passou outras viradas fora da capital paulista, mas não gostou do que encontrou. “Dificuldade para ir a restaurantes e mercados, coisas assim”, afirma.

Agora, prefere permanecer em São Paulo. “Os outros lugares estão muito cheios, muito lotados e aqui a cidade está mais vazia, mais tranquila para fazer as coisas”, diz.

O tão desejado “vazio” pode ser facilmente explicado. A estimativa é a de que 2,5 milhões de veículos deixem a cidade no período de festas. Por isso, os primeiros dias do ano costumam ser o paraíso na terra para o paulistano que costuma dirigir pela cidade.

Não por acaso, o trânsito costuma ser o principal termômetro a apontar como alguma coisa está fora da ordem caótica que domina a metrópole.

No último dia 18, uma quinta-feira, o índice de lentidão foi de 1.081 km às 18h, congestionamento suficiente para enfileirar carros entre São Paulo e Brasília. Como comparação, o dia 2 de janeiro de 2025, também uma quinta, teve apenas 54 km, no mesmo horário.

É para aproveitar esse vazio todo que muita gente decide não arredar pé. São poucos, em meio à multidão, mas se consideram felizardos de alguma maneira.

Trabalhadora da limpeza em um shopping da capital, Edna Maria de Souza, 49 anos, afirma que já passou a virada de ano em outros lugares, mas que prefere permanecer na cidade vazia ao lado da família. “É mais sossegado, mais tranquilo. Eu gosto”, diz.

Tem gente que permanece na cidade não por escolha, mas por falta de grana mesmo. Ainda assim, conseguem aproveitar esses dias em que o tempo da agitação parece fazer as malas e dar uma trégua.

“Preferir ficar aqui, não. É que a gente não tem condições de viajar. É o que sobra”, diz a agente de higienização Ana Bentes da Silva, 45 anos. Mas também vê lado positivo. “A cidade fica mais tranquila, mais vazia.”

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