O ano de 2025 chega ao fim com a maior taxa básica de juros da economia, a Selic, em quase 20 anos. O patamar de 15% ao ano é o maior desde julho de 2006.
A decisão que levou a Selic de 14,75% para 15% ocorreu no dia 18 de junho deste ano, após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Entenda a situação dos juros no Brasil
- A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação.
- Ao aumentar os juros, a consequência esperada é a redução do consumo e dos investimentos no país.
- Dessa forma, o crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para consumidores e produtores. A inflação dos alimentos tem sido a pedra no sapato do presidente Lula (PT).
- Projeções mais recentes mostram que o mercado desacredita em um cenário em que a taxa de juros volte a ficar abaixo de dois dígitos durante o governo Lula (PT) e do mandato de Galípolo à frente do BC.
- A próxima reunião do Copom está prevista para os dias 27 e 28 de janeiro.
A Selic é o principal instrumento para o controle da inflação, que é medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA).
O ciclo de aperto monetário com elevação da Selic teve início em setembro de 2024, quando o comitê decidiu interromper o ciclo de cortes e elevar a Selic, que passou dos então 10,50% ao ano para 10,75% ao ano.
Mesmo após o início do ciclo de alta, o IPCA encerrou 2024 com 4,83%. Após variações ao longo de 2025, a taxa apresentou tendência de queda nos últimos meses, equivalendo a 4,46% no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em novembro.
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Vinicius Schmidt/Metropoles
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A meta do Brasil para a inflação é de 3% ao ano. No entanto, existe uma faixa de tolerância que é de 1,5 ponto percentual. Com isto, o índice pode ficar de 1,5% a até 4,5%.
O governo federal e o mercado financeiro têm pressionado o Copom a reduzir a taxa de juros por entender que o índice atrapalha o crescimento econômico do país. “Acho que a taxa de juros, e todo mundo sabe qual é a minha opinião, tem espaço para corte”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em novembro de 2025.
O boletim Focus, elaborado pelo Banco Central ao ouvir a opinião de agentes do mercado, teve a expectativa de inflação sendo reduzida nas últimas semanas. No último dia 8 de dezembro, a perspectiva para a inflação em 2025 foi de 4,40%. Quatro semanas antes, a expectativa era de índice de 4,55%, ou seja, acima do teto da meta.
Indicativo de manutenção
A última reunião do Copom, encerrada em 10 de dezembro, manteve o índice no patamar de 15% e indicou firmeza no propósito de segurar a taxa em patamar elevado por mais tempo.
“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado“, frisou o comunicado de dezembro do Copom.
Embora o mercado reclame da Selic como um embaraço ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defende o trabalho do Copom ao dizer que a política monetária tem tido efeito sobre a inflação, mas sem travar o crescimento econômico.
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“Vamos lembrar sempre a meta (da inflação) não é a banda superior (4,5%). A meta é 3%, eu tenho de perseguir a meta de 3%. […] Vimos a inflação emagrecendo mais lentamente do que gostaríamos, mas com a atividade econômica”, pontuou Galípolo ao prestar esclarecimentos na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado em 25 de novembro.
PIB
O cenário atual é de perda de força no crescimento da economia. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, encerrado em setembro, teve variação de 0,1%, frustrando as expectativas do mercado.
O desempenho do terceiro trimestre representa desaceleração do crescimento da atividade econômica do país em relação ao trimestre anterior (abril, maio, junho), quando o crescimento foi de 0,4%.
O Banco Central prevê que o PIB de 2025 encerre o ano com crescimento de 2% frente ao ano anterior. O grupo de economistas consultados pelo BC, que resulta nas perspectivas expostas no Boletim Focus, acredita em um crescimento de 2,25% do PIB este ano. Já o governo estima expansão de 2,2%.