O Brasil voltou a registrar episódios graves de violência contra mulheres nos últimos três dias. Em um curto intervalo, o assassinato brutal de uma mãe e seus quatro filhos, além de duas tentativas de feminicídio, ampliou a indignação nacional. Somente em 2025, mais de mil mulheres foram mortas por serem mulheres — o que caracteriza o crime de feminicídio.
Ataque em São Paulo deixa mulher gravemente ferida
Uma câmera de segurança registrou o momento em que Tainara Souza Santos, de 31 anos, foi atropelada e arrastada por cerca de um quilômetro. O ataque aconteceu na manhã de sábado (29), após ela sair de um bar acompanhada de um amigo. O motorista passou por cima dela e continuou acelerando, mesmo com a vítima presa sob o veículo.
Tainara teve as duas pernas amputadas devido à gravidade dos ferimentos, mas apresenta melhora.
O suspeito, Douglas Alves da Silva, de 26 anos, foi preso no domingo (30). Segundo a Polícia Civil, ele não aceitava o fim do relacionamento.
“Ele não se conformava com a separação, mesmo sendo um relacionamento curto”, explicou o delegado Fernando Bocci.
Mãe e quatro filhos morrem queimados após ataque no Recife
No sábado à tarde, outro caso chocou o país. Em Recife, Aguinaldo José Alves, de 21 anos, agrediu a companheira, Isabele Gomes de Macedo, de 40 anos, e, em seguida, ateou fogo na casa onde ela vivia com os quatro filhos, de 1 a 7 anos.
Isabele e as crianças não resistiram e morreram carbonizadas. O agressor foi preso.
Vizinhos afirmam que ele era violento e frequentemente espancava a companheira.
Mulher é baleada à queima-roupa em São Paulo
Na manhã desta segunda-feira (1º), em uma barraca de pastel na capital paulista, Evelin de Souza Saraiva, de 38 anos, foi atingida por cinco tiros disparados pelo ex-companheiro, que fugiu em seguida.
O agressor foi identificado como Bruno Lopes Fernandes Barreto e está foragido. Familiares relatam que, após o término, ele passou a ameaçá-la insistentemente. Evelin está internada em estado crítico.
Números alarmantes
Dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública mostram um aumento de 26% nas tentativas de feminicídio em 2024. De janeiro a setembro de 2025, mais de 2,7 mil mulheres sobreviveram a tentativas de feminicídio no país. Outras 1.075 perderam a vida.
Especialistas alertam para necessidade de apoio e prevenção
Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, é preciso garantir acolhimento e políticas públicas que ajudem as mulheres a romper ciclos de violência.
“Não basta apenas a medida protetiva. É essencial oferecer emprego, renda e trabalhar desde cedo a educação de meninos e meninas para mudar a realidade e evitar futuros agressores e vítimas.”
Os casos recentes reforçam a urgência de medidas mais efetivas de proteção às mulheres e de combate à violência de gênero em todo o país.