A superintendência da Polícia Federal em Goiás adquiriu, com dispensa de licitação, um galão de água mineral de 20 litros por R$ 17,5 mil. Os detalhes da compra, realizada em março de 2020, foram colocados em sigilo no Painel da Transparência.
As informações disponíveis no site do governo abordam apenas o valor da compra, órgão responsável, número do processo e quantidade de itens adquiridos. Outras informações como quais itens foram comprados e quem realizou a venda estão em sigilo.
Através do Painel de Preços do Ministério da Economia, no entanto, é possível ter acesso aos detalhes da compra. A empresa responsável pela venda, Fonseca Martins Comércio de Gás Eireli, fica localizada em Goiânia e já fechou diversos contratos com a Polícia Federal.
Segundo uma especialista em Administração Pública consultada pela Fórum, que não quis ser identificada, não há a possibilidade de que a compra tenha sido de vários galões de água – o que justificaria o valor alto.
Segundo ela, há uma exigência em manuais de contabilidade pública do Tesouro Nacional para que a descrição e a quantidade do empenho e da nota fiscal sejam idênticos.
“Se não for corrupção, seria, no mínimo, uma improbidade administrativa das grandes se liquidaram uma despesa que divergia a nota fiscal e o empenho. Duvido que o setor de contabilidade da PF, tão bem pago, deixaria passar um erro tão grotesco”, afirma.
De acordo com dados do Portal da Transparência, a empresa Fonseca Martins Comércio de Gás Eireli já recebeu R$ 2.975.455,53 do governo federal desde 2014. Apenas em 2020, foram fechados 25 contratos com a Polícia Federal.
A Fórum questionou a corporação sobre a compra, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.