9 junho 2025

Em Sena Madureira, casal improvisa estrutura para subir móveis e se recusa a sair de casa alagada com medo de furtos

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Além de perder móveis, enfrentar o risco de doenças e a falta de água potável e comida, moradores de cidades do Acre temem o furto do pouco que sobrou. É por esse motivo que a idosa Maria José da Silva, de 61 anos, prefere não sair da sua casa em Sena Madureira (AC).

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“Com todo sofrimento, prefiro ficar aqui porque roubam as coisas da gente”, justificou sobre a decisão de ficar, mesmo com a água até quase na metade da casa, sem água potável e sem energia elétrica.

Dez municípios foram atingidos pela cheia de rios no Acre. Mais de 130 mil pessoas chegaram a ser atingidas pelas enchentes dos rios. O governo federal reconheceu o decreto de calamidade pública por causa dos alagamentos. Os municípios de Rio Branco, Sena Madureira, Santa Rosa do Purus, Feijó, Tarauacá, Jordão, Cruzeiro do Sul, Porto Walter, Mâncio Lima e Rodrigues Alves enfrentam dificuldades com parte da população desabrigada (encaminhada para abrigos) e desalojada (levada para casa de parentes).

Maria José e o marido montaram um trapiche [estrutura suspensa feita com pedaços de madeira], dentro de casa e suspenderam o que deu de salvar e ficaram em casa. A cidade de Sena Madureira é uma das mais atingidas pela cheia, com o transbordo do Rio Iaco.

Para montar o que eles chamam de “acampamento”, Maria e o marido usaram tábuas para elevar o nível do chão, suspenderam os móveis que podiam, improvisaram um fogareiro e usam um galão para armazenar água. Eles também estão vivendo em cima da estrutura.

“Fiz esse trapiche aí e estou em cima, à noite é na base da lanterna. A água é aqui [dentro de um galão de 20 litros] não tenho mais geladeira, a água levou, não sei nem se ainda vai prestar. Temos o fogão, que também ficou molhado e estou no fogareiro”, contou.

Para ajudar os moradores, uma rede de solidariedade e mobilização se formou para tentar arrecadar donativos e enviar para os moradores das dez cidades afetadas pelas cheias dos rios. Alguns rios já começaram a vazar, mas a situação segue complicada pois, após a cheia, ainda vem a limpeza das cidades e casas atingidas pelos alagamentos.

Por Alcinete Gadelha e Iryá Rodrigues, G1

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