Nesta quinta-feira, 11/3, completa um ano em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente a existência de uma pandemia no mundo e alertava preocupação sobre o risco da Covid-19. A doença foi descoberta em dezembro de 2019, após casos registrados na China. No Brasil, o primeiro paciente infectado pela Covid-19 foi registrado no dia 26 de fevereiro do ano passado. De acordo com o Ministério da Saúde, a doença é responsável por mais de 266 mil mortos e 11 milhões de pessoas infectadas no País. Um levantamento feito pelas secretarias de Saúde estaduais e municipais revela que a maioria dos estados, além do Distrito Federal, ultrapassam a taxa de 80% de ocupação dos leitos de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Para Andrea Beltrão, infectologista da Pró-Saúde e com atuação no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua (PA), o cenário da doença em todo Brasil poderia ser melhor se todos respeitassem as medidas de enfrentamento à pandemia divulgadas por todos os órgãos de saúde. “É muito triste para nós ver que muitas pessoas andam sem máscaras, visitam festas, se reúnem com amigos em um momento que percebemos o aumento de casos em todo o país”, lamenta. No ano passado, o Hospital Metropolitano, unidade do Governo do Pará, gerenciado pela Pró-Saúde, se tornou referência no atendimento de pacientes com o novo coronavírus. Foram 20 leitos de UTI exclusivos para o tratamento dos pacientes.
Profissionais da saúde diante do desrespeito
“Cuidamos das pessoas, mas a população não cuida da gente”. Esse é o desabafo da enfermeira do Metropolitano, Márcia Farias, diante da falta de conscientização da população e do aumento de casos da Covid-19. Ela completa ao dizer que é comum andar pelas ruas e ver pessoas sem o mínimo de proteção, que é a máscara. “Essas pessoas acham que a doença não é séria e na maioria das vezes são jovens. Para nós, da saúde, esse tipo de situação é muito triste”, afirmou. Durante três meses com atendimento exclusivo aos casos do novo coronavírus no HMUE, foram atendidos 184 pacientes com a doença, que contaram com auxílio de quase 100 colaboradores, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeuta, psicólogos e serviços gerais. Entre esses profissionais está a fisioterapeuta Raiza de Araújo Nascimento, que atuou na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) voltada exclusivamente para o atendimento de casos graves da Covid-19. Para ela, a sensação de desrespeito aos que trabalham na saúde causa cansaço e ansiedade. “Vi pacientes saindo recuperados e outros que, infelizmente, perderam essa luta. Vi colegas que não resistiram e perderam suas vidas. Vejo também pessoas que não se importam com o próximo e não se cuidam. Ficamos tristes ao ver isso”, enfatizou. Josiete Nazaré Corrêa, 50 anos, é técnica de Enfermagem do hospital. “Esse momento causa muito estresse e essa sensação se intensifica quando vemos os noticiários de festas clandestinas, pessoas sem máscaras, praças cheias e a gente tentando salvar vidas”, acrescentou a colaboradora.
Síndrome de Burnout
A pandemia trouxe estresse e cansaço, fatores que abalam o emocional e o psicológico dos profissionais de saúde. No Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência foi criado o projeto “AcolhePsi”, com o intuito de fornecer suporte psicológico aos profissionais. O atendimento pode ser por telefone ou por meio virtual. Carlena Alho é psicóloga do Metropolitano e explica que a Pró-Saúde desenvolve continuamente ações para a melhoria do trabalho das equipes administrativas e assistenciais. “O colaborador é escutado e acolhido com intuito de promover a saúde mental e intervir em questões que possam prejudicar sua qualidade de vida e profissional”, ressalta.
Carlena destaca que problemas relacionados ao trabalho podem desencadear a Síndrome de Burnout. Ela comenta que a doença ocorre quando a exaustão em relação ao trabalho é completa, física e mental. “Um dos maiores questionamentos é justamente o comportamento da população, que desrespeita as regras causando uma sensação de ‘enxugar gelo’ nesses profissionais”, conclui. A ação funciona com medidas de proteção para evitar aglomerações, mas também visa atender, de uma forma mais dinâmica e humanizada, além de reservada, os profissionais que continuam a rotina de trabalho na unidade.
[Assessoria-Pró-saúde]