O ministro da Justiça, Anderson Torres, negou neste domingo (26.jun.2022) que tenha tratado de operações da PF (Polícia Federal) com o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante viagem com o chefe do Executivo no início do mês para a Cúpula das Américas. O ministro fez parte da comitiva presidencial no evento nos dias 9 e 10 de junho.
“Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o Presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem”, afirmou Torres em uma publicação nas redes sociais.
A PF é vinculada ao Ministério da Justiça. Em áudio interceptado pela corporação, Milton Ribeiro disse em 9 de junho, durante conversa telefônica com sua filha, que Bolsonaro teve um “pressentimento” sobre a realização de operações de busca e apreensão da PF envolvendo supostas irregularidades na distribuição de recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
A operação de fato foi realizada, na manhã de 4ª feira (22.jun), em Santos (SP). Ribeiro foi preso pelos crimes de tráfico de influência (pena prevista de 2 a 5 anos de reclusão), corrupção passiva (2 a 12 anos de reclusão), prevaricação (3 meses a 1 ano de detenção) e advocacia administrativa (1 a 3 meses). Foi solto no dia seguinte depois de decisão do juiz federal Ney Bello, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).
O inquérito envolvendo recursos do FNDE está com a ministra Cármen Lúcia. O caso foi enviado ao STF depois que começaram a ventilar notícias sobre a suposta interferência de Bolsonaro. O presidente tem foro privilegiado e investigações que o envolvem precisam passar pelo Supremo.
A mulher de Ribeiro, Myriam Ribeiro disse que o marido sabia da operação da PF. No áudio obtido, Myrian disse que o ex-ministro “não queria acreditar” na possibilidade, mas havia “rumores do alto” sobre uma eventual ação policial e que ele “tava sabendo”.