O Hospital Santa Juliana e um médico da unidade devem pagar mais de R$ 31 mil de indenização para uma paciente que ficou com uma gaze e um fio de metal dentro no abdômen após uma cirurgia em 2016. A Justiça do Acre condenou os envolvidos em primeira instância, houve recurso do hospital, mas os membros da 1ª Câmara Cível do mantiveram condenação por erro médico.
O material só foi retirado em 2017 após novos exames e consultas com outros profissionais de saúde.
A paciente deve receber mais de R$ 1,7 mil por danos materiais e R$ 30 mil por reparação extrapatrimonial pelo tempo que ela ficou sem trabalhar, de dezembro de 2016 a setembro de 2017.
A nova decisão ainda cabe recurso e a defesa do Hospital Santa Juliana confirmou que vai recorrer do resultado. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do médico citado no processo.
A paciente trabalhava na unidade de saúde como auxiliar de cozinha quando começou a sentir mal e fez uma consulta com o médico. Ainda segundo o processo, a servidora recebeu o diagnóstico de cisto no ovário direito em 2016.
Em junho do mesmo ano, a auxiliar fez a cirurgia para retirada do cisto e quando passou sentiu fortes dores na barriga quando passou o efeito da anestesia. No processo, ela diz que voltou a se consultar com o médico após alguns dias, reclamou das dores e ouviu do profissional que eram gases da cirurgia e recomendou caminhadas para liberação dessas gases.
Afastamento do trabalho
O processo destaca ainda que a auxiliar ficou afastada do trabalho por mais de dois meses recebendo pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e, quando voltou ao serviço, ainda tinha dores na barriga.
Ela procurou outros médicos e fez novos exames particulares. Por causa das dores, a mulher precisava ir constantemente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e faltava ao trabalho, o que levou a demissão por faltas.
Ainda segundo o processo, a auxiliar de cozinha chegou a ficar internada no Pronto-socorro de Rio Branco e também na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre) por causa do problema no abdômen. A defesa frisou que a saúda da cliente piorou muito e ela enfrentou diversas dificuldades.
Após exames mais detalhados na Fundhacre, os médicos descobriram que a auxiliar tinha dois corpos estranhos na barriga: uma gaze presa no intestino e um fio metálico no ovário.
Com o erro médico e a saúde fragilizada, a mulher entrou na Justiça para processar o hospital e o médico que a atendeu por danos morais e também pelo tempo que ficou sem trabalhar.
A 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco condenou o médico e o hospital em primeira instância.
Ao avaliar o recurso dos citados, desembargadora Eva Evangelista, decidiu por manter a decisão da 2ª Vara.
“Destarte, ressai demonstrada a conduta culposa negligente a gerar o dever de indenização do profissional de saúde responsável pelo ato cirúrgico e, em consequência, a responsabilidade solidária do hospital demandado. Tocante ao valor da condenação a título de danos morais, em R$30 mil, não dessumo exacerbada em razão do período superior a um ano de padecimento pela autora, constantes dores, perda de peso acentuada, além de outros sintomas que por longo período a privaram da qualidade de vida, portanto, afastando o enriquecimento sem causa”, diz parte da sentença.